Afastado do comando central do Atlético, hoje presidido por Luiz Sallim Emed, Mario Celso Petraglia está engajado na Primeira Liga, competição que neste final de semana abre a segunda rodada.
O cartola chegou a ser eleito presidente da nova organização, que congrega clubes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Deixou o cargo por divergências políticas, mas manteve-se à disposição, diante da possibilidade de independência dos clubes.
Em entrevista à Gazeta do Povo, o atual presidente do Conselho Deliberativo do Furacão revela os bastidores da Primeira Liga.
Após um começo incerto, como está a Primeira Liga ?
Está consolidada, houve uma questão muito difícil com a CBF e as federações. Fomos para luta e vencemos. O grande esforço era para que a Liga acontecesse em 2016 e conseguimos. Vamos trabalhar para substituir os Estaduais.
Houve desacordo sobre o senhor ser presidente da Primeira Liga. Por quê?
Criou um desconforto pela forma que alguns clubes entendiam que a Liga deveria seguir nas suas estratégias. Por exemplo, eu não visitaria a CBF, o presidente Gilvan [Tavares, do Cruzeiro e da Primeira Liga] foi. É um homem de paz, de diálogo.
Como ficou a divisão das cotas de TV?
Não foi possível este ano porque não teve cota. Por esta insegurança, por este boicote que sofremos, é que não tivemos condições de venda de TV, de venda de patrocínios. Mas em princípio acertamos que será uma divisão 50% igual, 25% por audiência e 25% pela posição no campeonato.
Há uma ideia de uma liga nacional, com os times paulistas?
Não. A Primeira Liga vem para o primeiro semestre, os Estaduais são deficitários. Vamos continuar com a Primeira Liga e a Liga Nacional será outra coisa. Assim como inicia a Liga Sul-Americana, que tivemos agora as reuniões em Buenos Aires. Nossa intenção é ter a Liga Americana, do Canadá para baixo.
Com mais uma competição nacional, além da Copa do Brasil e do Brasileiro, não há a possibilidade de desgaste?
Não há desgaste. O que dá desgaste é você ter competições que não motivam. No Estadual, com todo o respeito, como é que a gente vai exigir do Maringá que venha jogar de igual para igual, com o calendário que tem e com a renda que tem. Não tem como. Temos que buscar calendário para eles.
Como a Federação Paranaense de Futebol está agindo neste cenário?
Não tenho dúvidas que a federação fará de tudo para atrapalhar o Atlético no Estadual. Porque nós já há três anos não jogamos o campeonato, não fede e não cheira. A federação já não tem relacionamento com a CBF e não tem relacionamento com seus clubes. Então, estamos independentes.
O Atlético não participou da eleição da CBF, que elegeu o Coronel Nunes como vice-presidente. Por quê?
Como vou endossar? O presidente [Marco Polo Del Nero] está sendo processado, não pode sair do Brasil.
Não teme represália ?
A gente já vem sendo roubado há quantos anos? Só que agora tem 32 câmeras, antigamente não. Agora a gente prova. Qualquer sacrifício vale para mudar este status quo. Está provado, são ladrões, enriqueceram, vão para a cadeia.
Se o senhor tivesse autonomia, romperia com a CBF?
Romperia ontem. Os clubes precisam se organizar de forma independente, a lei está aí, as ligas no mundo todo funcionam assim, por que o Brasil tem que ficar atrasado? É meu sonho de uma noite de verão. Com certeza o futebol brasileiro não pode valer 5% do futebol inglês.
Quais as vantagens objetivas da Primeira Liga?
A organização, a independência, a seriedade. Tem alguma coisa maior que é difícil explicar, o espírito de união, que não temos com as federações e com a CBF. Os patrocínios serão bem vendidos e não teremos nenhuma comissão, nem roubo. Há uma competição de equilíbrio maior, porque teremos os melhores clubes dos estados.
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