O Conselho Deliberativo do Atlético aprovou ontem à noite, em reunião tensa em um hotel no centro de Curitiba, a criação da fundação que terá poderes totais sobre o futuro do clube. Inédita no futebol brasileiro, a decisão passará os bens para a Fundação Clube Atlético Paranaense (Funcap), que será gerida, de forma vitalícia, por terceiros a gestão eleita pelos sócios.
Exceto o CT do Caju dado como garantia ao BNDES para a construção da nova Arena da Baixada , todas as outras propriedades do Atlético pertencerão à fundação a partir de seu registro legal. Inclui-se no pacote desde quaisquer recebíveis, como direitos de transmissão televisiva e patrocínios, até a licença de uso da marca Atlético Paranaense.
Aos berros, o presidente do clube, Mario Celso Petraglia, garantiu ontem que não fará parte do recém-criado grupo. Assim, o cargo de presidente, previamente preparado para ser dele, ficou com seu vice-presidente, Marcio Lara. Os outros 30 membros vitalícios pertencem à mesma aliança política que levou Petraglia ao poder em dezembro de 2011.
"Jamais participarei dessa fundação ou qualquer membro da minha família. Os senhores não merecem, esses poucos que se levantaram para levantar situações esdrúxulas, pequenas... Jamais participarei. Me sinto ofendido, envergonhado de estar presidindo esse clube", bradou Petraglia, pouco antes de marchar em retirada do local, logo após ouvir uma série de questionamentos de conselheiros sobre o seu papel na Funcap.
Em 31 de maio de 2011, Petraglia também havia afirmado que as cadeiras do Joaquim Américo não seriam fornecidas pela Kangoo, empresa de seu filho, Mário Keinert Petraglia promessa descumprida logo na sequência.
Antes do rompante do dirigente, vários conselheiros questionaram a legalidade da fundação e, principalmente, o motivo pelo qual a sessão extraordinária do Conselho foi convocada com apenas sete dias de antecedência. Houve muito bate-boca e discussão acalorada até a votação propriamente dita iniciar na base da pressão.
Com cerca de 55% dos votos apurados no rústico estilo levanta-se quem for contra, a Funcap saiu do papel. Sob o olhar, entretanto, de desaprovação de boa parte do Conselho. "Muita gente só teve acesso ao estatuto na entrada [da sessão]. Queríamos mais tempo para discutir e maturar a ideia. Não estávamos questionando a questão moral do assunto, mas sim a pressa com que ele foi colocado em votação", resumiu um conselheiro que preferiu não se identificar.
A assembleia de ontem, porém, não é garantia de que a Funcap já comece a apitar no Atlético. O Ministério Público precisa dar o aval antes do registro, o que pode não ocorrer se houver, na visão do órgão, desvio de finalidade. A Justiça Comum também pode ser um caminho para anular a criação da fundação.
"Vou requer a nulidade dela. Não se pode tomar essa decisão, por via indireta, como a opinião dos associados", falou o ex-vice-presidente e diretor jurídico do clube e da CAP S/A, José Cid Campêlo Filho, alegando várias brechas jurídicas para tal. "Vamos entrar com uma liminar para que não haja a transferência dos bens", emendou ele, no que parece ser o início de uma longa novela.
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