Inacabada, polêmica e deficitária, a Arena da Baixada pode trazer um novo ônus para o Atlético em breve. Na semana em que completa um ano do primeiro jogo de Copa do Mundo, a Prefeitura de Curitiba promete cumprir a última exigência legal para colocar o Rubro-Negro no banco dos réus.
Sem acordo sobre uma das contrapartidas do financiamento para concluir a praça esportiva, o clube corre o risco de pagar ao município R$ 105 mil/mês – 70%, por exemplo, do valor gasto com o atacante Walter.
A pedido da juíza Patrícia de Almeida Gomes Bergonse, da 5.ª Vara da Fazenda Pública, a Procuradoria Geral do Município (PGM) vai protocolar nos próximos dias o último documento que falta para ter seu pedido liminar julgado.
Na ação de ‘obrigação de fazer’, o município cobra a entrega da edificação ou aluguel equivalente (estipulado pela prefeitura em R$ 105 mil) do espaço de 4,2 mil metros quadrados, anexo ao estádio.
Com o carimbo de devedor de “dinheiro público”, conferido pelo Tribunal de Contas do Paraná (TC-PR) ainda em 2012, a diretoria do Furacão deveria ceder a área para abrigar por cinco anos a Secretaria Municipal de Esporte Lazer e Juventude (SMELJ). O prédio, com entrega prevista inicialmente para o Mundial, ainda não foi concluído.
O valor da ação contra o Atlético e a CAP /S.A é de R$ 6,3 milhões.
O episódio jurídico dá sequência ao roteiro mais intrincado de todas 12 as arenas do Mundial no Brasil. A polêmica engenharia financeira entre Atlético, Estado e Município, que permitiu que em 16 de junho de 2014 Irã e Nigéria fizessem sua estreia na Copa, não acaba.
Além da demora na conclusão do espaço, o Atlético contesta o tamanho do imóvel e até a sua localização. De acordo a assessoria da PGM, o clube oferta uma área menor, localizada no CT do Caju, quando a documentação do convênio deixaria claro que o espaço é na Baixada.
Outra ação, tramitando na 1.ª Vara da Fazenda Pública desde o dia 24 de abril, exige do Atlético o montante de R$ 17 milhões referente ao pagamento das indenizações dos 16 imóveis no entorno do estádio. A quitação da dívida estava prevista para 31 de dezembro de 2014 e não ocorreu. Quatro ex-vizinhos da Baixada ainda movem ações contestando os valores pagos.
O clube ainda não foi citado nas duas ações.
À parte das questões jurídicas, a Arena se despe essa semana de sua roupagem da Copa. A promessa é da retirada do banner de boas-vindas do Mundial que cobre a fachada do estádio para a instalação de um painel nas cores do clube.
A troca deve ser finalizada até domingo, quando a nova Baixada receberá o seu primeiro Atletiba. Será o 31.º duelo do Fucarão na remodelada casa, com 19 vitórias, cinco empates e seis derrotas (aproveitamento de 68%).
A vice-colocação no Brasileiro contra o arquirrival na zona de rebaixamento, é um atrativo extra para os torcedores irem ao estádio e ajudarem a melhorar a média de público do palco padrão Fifa – que é de 12.060.
Pouca presença nos jogos, zero fora deles. Mesmo com a instalação do teto retrátil, somente nove meses após a realização do Mundial, o clube não conseguiu materializar o estádio em reduto de grandes eventos e amarga um prejuízo de R$ 1,5 milhão até agora, de acordo com levantamento realizado pelo jornal Folha de S. Paulo e divulgado na semana passada.
O Atlético foi procurado pela reportagem, mas não respondeu.
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