Enderson Moreira durou pouco mais de um mês no comando do Atlético. Foram 36 dias do 62º segundo técnico da era Petraglia – incluindo aqueles que passaram mais de uma vez pelo clube desde 1996, excluindo o período de 2009 a 2011. Relembre os principais momentos da curta passagem do treinador. Período marcado pela impaciência da torcida com o rendimento do time e pelos apenas de Enderson Moreira por reforços.
ENQUETE: A saída de Enderson Moreira resolve os problemas do Atlético?
16 de março – Enderson Moreira é o novo técnico do Atlético.
Um dia após demitir Claudinei Oliveira, o Atlético anunciou a contratação de Enderson Moreira, ex-técnico do Santos. Acompanhado de seu auxiliar, Luiz Fernando Rosa Flores, o novo treinador assumiu após a derrota do Atlético para o Maringá, pelo Campeonato Paranaense, dizendo que precisaria de tempo e reforços. Em seu primeiro jogo levou o Atlético a uma goleada por 7 a 0 sobre o Nacional de Rolândia, a maior do Campeonato Paranaense de 2015.
29 de março – A ida para o Torneio da Morte
Na última rodada da primeira fase do Paranaense, o Atlético precisava vencer o Londrina e torcer por um tropeço do Cascavel contra o Foz. O Foz venceu o jogo, mas o Furacão perdeu para o Londrina. O treinador lamentou, disse que a disputa do Torneio da Morte era praticamente inevitável e voltou a pedir reforços. A torcida passou a intensificar os protestos contra o time, técnico e diretoria. Em nota oficial, a diretoria do Atlético pediu desculpas por levar o time do Torneio da Morte.
“O clube teve outras prioridades, mas chegou o momento de pensar no time, qualificar mais a equipe.”
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2 de abril – Fracasso na “verdadeira estreia”
Pelo planejamento original da temporada, o Atlético deveria estrear seu time principal preparado na Espanha somente na Copa do Brasil. A diretoria antecipou a estreia em mais de um mês e Enderson Moreira foi para o primeiro duelo no mata-mata nacional já pressionado. O Atlético empatou com o Remo fora de casa por 1 a 1. Na entrevista coletiva, Enderson (mais uma vez) deixou clara a necessidade de se contratar reforços experientes.
“É importante que se busque essas peças para qualificar a equipe. Temos de rechear o elenco, qualificar mais, para ter um time competitivo.”
5 de abril - Torcida assusta
Apesar de pequeno, o público que foi à estreia do time no Torneio da Morte, contra o Prudentópolis, assustou ao técnico atleticano. A pressão antes mesmo de a bola rolar e as cobranças após a vitória forçaram o treinador a dizer que até o mais experiente dos jogadores se desestabilizaria com tais cobranças. Enderson diz que é vergonhoso o Atlético disputar o Torneio da Morte. Primeiros nomes de reforços começam a aparecer, embora nenhum deles possa jogar no Paranaense. Digno de nota, somente o fato de a vitória do Atlético por 2 a 0 ter sido o primeiro jogo oficial no Brasil disputado com o gramado totalmente coberto – pelo teto retrátil.
“É vergonhoso, eu concordo. Mas tem ser feito e tem de fazer bem feito.”
9 de abril – O reforço sonhado
O diretor de futebol do Atlético, Paulo Carneiro, anuncia a assinatura de contrato com o atacante Walter, do Fluminense. Reforço solicitado por Enderson, ele seria o grande nome para tentar ajudar na reabilitação do time na temporada. Os dois fizeram uma grande parceria no Goiás e técnico se empolga com a chegada do jogador. Um dia antes, o clube havia anunciado a contratação do volante Jadson.
10 de abril – “Dedo” do treinador
Enderson revela mudança na estratégia de contratação de jogadores no Atlético. Clube antecipou a ida ao mercado, enquanto ele não se aquecia após os estaduais. Com isso também mudou de estratégia, atravessando negociações e buscando atletas em desacerto com seus clubes. Enderson diminui pedidos por reforços em entrevistas.
“O mercado se abre daqui a duas semanas, quando terminam os estaduais. As equipes vão se remodelar e temos antecipado [a busca por contratações]. É importante sair na frente e aproveitar as possibilidades”.
12 de abril – Pressão aumenta
Atlético empata com o Rio Branco fora de casa. A pouca torcida que compareceu ao estádio em Paranaguá criticou a atuação do time, que seguia sem as evoluções táticas prometidas. Enderson sai em defesa do time e diz que é fácil xingar, cobrar e não ajudar.
“Não tem clima favorável para um jogo tranquilo. A pressão vem de todo os lados. Agora está fácil xingar, cobrar e não ajudar”.
15 de abril – Classificação com vaias
Após muito sufoco, Atlético venceu o Remo nos pênaltis e se classificou para a segunda fase da Copa do Brasil. O time não evoluiu nada taticamente e a apresentação de Walter, antes do jogo, minimizou os efeitos do resultado. Mesmo com a classificação, torcida voltou a pegar no pé do time, especialmente após o jogo terminar. No mesmo dia o treinador reclamou que a disputa do Torneio da Morte, no Paranaense, impedia o time de crescer na temporada.
18 de abril – Fim da “trégua” e gota d’água
Derrota para o Rio Branco por 3 a 1, na Arena da Baixada, põe time e torcida em pé de guerra. Inúmeros protestos foram observados na Arena com a bola rolando – coisa que não acontecia em outros jogos. Enderson reclamou ao final do jogo não ter tempo para treinador devido a sequência de jogos. Disse também que o time errou no planejamento da temporada e deveria ter trazido reforços no início do ano.
“Se é a culpa é do treinador, é fácil resolver. Mas estamos tentando remontar a equipe agora, coisa que deveria ter sido feita no início da temporada.”
20 de abril – A demissão
Após 36 dias e oito jogos depois, Enderson Moreira é demitido. Foram oito jogos, três vitórias, três empates e duas derrotas.