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Washington comemora na Arena, chorando, o gol marcado contra o Paraná na sua volta ao futebol depois de um problema cardíaco | Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo - arquivo
Washington comemora na Arena, chorando, o gol marcado contra o Paraná na sua volta ao futebol depois de um problema cardíaco| Foto: Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo - arquivo

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Exemplo de redenção, Washington passa esperança a Adriano

A história de recuperação vivida por Washington no Atlético está se repetindo novamente no Furacão. Assim como o investimento de risco feito no Coração Valente, o Rubro-Negro trabalha, desde dezembro do ano passado, para resgatar o atacante Adriano. Desde sua saída do Corinthians no começo de 2012, o Imperador foi criticado pelo seu comportamento imprevisível e por não conseguir recuperar a forma física. Combinação que deixou muita gente segura de que a carreira do artilheiro chegou ao fim. Desacreditado, chegou ao CT do Caju para reencontrar seu futebol.

Meta que o ídolo atleticano de 2004 aposta que Adriano conseguirá alcançar, assim como ele mesmo o fez há uma década. "Mesmo ele dando umas tropeçadas nos últimos dias, sei que ele tem chances de voltar aos campos. Não pode perder o trabalho que foi feito até agora", disse Washington.

E o segredo para isso, segundo o ex-atacante, é determinação e concentração. "A responsabilidade é única e exclusivamente do Adriano. O Atlético vai oferecer as condições para ele ficar bem, mas ele tem de querer isso. Eu fiquei cinco meses praticamente morando no CT do Caju, viajando muito pouco para ver minha família, sempre focado na minha reabilitação", lembrou. "Ele tem que falar ‘eu quero melhorar, vou contribuir com esse carinho e oportunidade que estão me dando aqui’", finalizou.

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Há exatos dez anos estreava no Atlético um dos maiores ídolos do clube. Além de goleador, Washington se tornou um símbolo de superação no futebol com a alcunha de Coração Valente.

Foi no dia 8 de fevereiro de 2004, durante o Paranaense. Era clássico contra o Paraná, primeiro time que defendeu no estado. Depois de 14 meses afastado, se recuperando de sérios problemas cardíacos, o ex-atacante tentava no Rubro-Negro superar a descrença sobre seu futuro. Ali, passou a escrever o capítulo mais brilhante de sua carreira. Iniciado com uma bola estufando a rede do ex-time na vitória por 3 a 0. Gol que ficou conhecido como o "gol da vida".

Naquele ano, Washington se tornaria o maior artilheiro do Brasileirão com 34 gols marcados – feito reconhecido pelo Guinness Book, o Livro dos Recordes –, ajudando o Furacão a conquistar o vice-campeonato nacional e uma vaga na Libertadores em 2005. Feitos que ele achava que seria difícil conquistar antes de voltar a Curitiba.

"Sempre disse que existe na minha história no futebol o antes e o depois do Atlético. O Atlético me devolveu a vida no futebol, e acreditou em mim. O que mais me emocionou nesse momento foi ver a quantidade de torcedores que foram ao estádio para me prestigiar e saber que retornaria contra o Paraná, que faz parte da minha história. Fechou um elo", afirmou o ex-atleta à Gazeta do Povo, por telefone.

Antes de começar essa simbiose com o time da Baixada, o jogador já havia superado as dificuldades do diabete quando veio outro drama. Ele jogava no Fenerbahçe, da Turquia, teve uma lesão cardíaca e se viu obrigado a passar por um cateterismo e uma angioplastia. Acabou dispensado da equipe turca. Sem clube, desembarcou na capital paranaense, onde se tornou uma aposta de risco feita pelo Atlético.

"Nós estávamos cientes do risco. Muitos clubes evitam jogadores como ele por serem atletas com uma bomba-relógio no peito, pronta para explodir no campo a qualquer momento. Mas acreditamos que seria possível, com um trabalho bem feito", contou João Augusto Fleury da Rocha, na época presidente do conselho administrativo do clube.

A missão de levar Wa­­shington de volta ao futebol também foi assumida pelo cardiologista Constantino Constantini, único a aceitar o desafio – sem o qual, provavelmente, o futuro do jogador seria outro. "Fui duramente criticado na época, pois quando existe algo desconhecido, como era a condição dele, a medicina diz que tem de se negar tudo. Nunca vou me arrepender de ter liberado ele para jogar. Vimos que ele estava em condições e não fui irresponsável quando assumi o risco. A prova está no que ele fez", indicou o médico, cuja relação de amizade com o paciente dura até hoje.

"Eu consegui retribuir em campo, em gols, todo o investimento que o Atlético fez em mim. E agradeço ao [Mario Celso] Petraglia e ao doutor Constantini. A história da minha carreira foi graças a eles", ressaltou o Coração Valente, atualmente vereador em Caxias (RS), pelo PDT.

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