O governador Beto Richa negou nesta quarta-feira (4) que o estado tenha a intenção de aumentar o valor do financiamento nas obras da Arena da Baixada para a Copa do Mundo. Pelo acordo tripartite do governo do estado com a prefeitura de Curitiba e o Atlético, cada uma das partes pagaria um terço dos R$ 184 milhões do orçamento inicial. Entretanto, a reforma do estádio fechou em R$ 346 milhões, segundo a planilha do Furacão.
“Não tem isso. Não tem que ampliar nada [o dinheiro]. Já está construído. Não tem nada disso”, disse Richa à Gazeta do Povo nesta quarta, após a inauguração da nova sede da Farmácia do Paraná, no centro de Curitiba, ao ser questionado se ampliaria o dinheiro na Arena da Baixada.
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Leia a matéria completaApesar da afirmação do governador, a assessoria de imprensa de Richa garantiu em contato à redação da Gazeta do Povo que não houve contradição entre o dito e o ofício encaminhado pela Casa Civil há 20 dias à prefeitura. No documento, solicita-se uma negociação para englobar o valor de R$ 346 milhões à Arena.
Para isso, o governo teria de desembolsar mais R$ 50 milhões para arcar com a sua parte, que seriam repassados para a prefeitura em obras na cidade, em troca de um aumento da remessa de potencial construtivo – título virtual que permite a construção de imóveis com metragem acima do previsto por lei – para o Atlético.
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Leia a matéria completaDe acordo com a assessoria de Richa, o tucano se referia ao fato de o “governo do estado jamais ter passado dinheiro para o Atlético, mas sim à prefeitura, com a finalidade de obras na capital”. Contudo, o Palácio Iguaçu reconhece que o valor destinado ao poder municipal tem de ser destinado em dobro para o Atlético através de potencial construtivo – conforme firmado pelo acordo tripartite.
Logo que o ofício foi encaminhado ao muncípio, a reportagem da Gazeta procurou o chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra, e a assessoria de imprensa do Palácio Iguaçu. Ambos disseram que só o governador, que estava viajando na época, poderia falar do financiamento da Arena.
No ofício, o estado argumenta que houve recomendação do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR), assim como da Comissão de Fiscalização da Copa, da necessidade de alterar o valor para garantir os recursos faltantes. A iniciativa foi elogiada pelo presidente do Atlético, Mario Celso Petraglia, em sua conta no Twitter. Quinze dias após o ofício da Casa Civil do governo do estado chegar à prefeitura, Petraglia cobrou publicamente o prefeito Gustavo Fruet (PDT) para que o município também aumentasse o valor do financiamento com faixas espalhadas na Baixada no jogo com o Corinthians.
“Tenho responsabilidade que alguns atores nesse processo não têm”, rebate Fruet sobre novo valor da Arena
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Logo após receber o ofício, Fruet disse que não pretende aumentar o repasse. “Eu tenho uma responsabilidade que alguns atores nesse processo não têm. Tenho obrigação com o dinheiro público e os interesses da cidade. Da minha parte, tenho agido com toda a honestidade e cumprido o que assino”, declarou o prefeito.
Ao ser questionado nessa quarta-feira se o governo arcaria com um terço do valor inicial ou final do estádio, o governador desconversou. “O investimento no estado foi para obras na Copa do Mundo de mobilidade para a cidade de Curitiba, que são obras permanentes que ficaram como legado, beneficiando toda a população”, desviou Richa.
Diante da citação do documento encaminhado para a prefeitura pedindo a renegociação da dívida e o aumento da emissão de títulos do potencial construtivo, o governador garantiu que o estado já fez o que deveria.
“A prefeitura, segundo o acordo, segundo me passaram os técnicos, deve a emissão de potencial construtivo. O governo cumpriu com todas as suas obrigações”, afirmou o governador.
Até outubro, último relatório enviado à imprensa, o poder público municipal garante que repassou R$ R$ 20.997.000 do título virtual ao Atlético. A gestão Fruet sustenta que o montante deve chegar ao teto de R$ 123 milhões, equivalente a dois terços do orçamento inicial previsto da reforma da Arena (R$ 184,6 milhões), não do custo final, que segundo o Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) foi de R$ 346,2 milhões.
No fim da tarde dessa quarta-feira (4), a Secretaria Estadual de Comunicação Social do governo encaminhou uma nota de esclarecimento sobre a notícia. Diz o texto: “ Nunca teve, não tem e não terá dinheiro do governo do estado aplicado nas obras do estádio”; “os recursos disponibilizados pelo estado, a partir do convênio tripartite, são direcionados exclusivamente para a realização de obras de mobilidade urbana pelo município de Curitiba”; “quanto ao financiamento de R$ 290 milhões contraídos pelo Atlético , a Fomento Paraná [autarquia estadual] administra os respectivos contratos conforme regulamentação do Sistema Financeiro Nacional, inclusive em caso de inadimplência.”
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