A barbárie em Joinville deve ser o empurrão que falta para a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das torcidas organizadas na Câmara dos Deputados, em Brasília. Essa é a expectativa do autor da proposta, o deputado federal Lincoln Portela (PR-MG).
O plano está pronto para ser votado. "Como é um projeto de resolução, ainda dá para ser votado. Estou pedindo a assinatura dos líderes para resolver isso e quem sabe ocorra amanhã [hoje] ou na próxima terça-feira", afirma Portela.
O mineiro tenta emplacar a ideia desde 2005. Até então, foram oito anos em que prevaleceu a resistência da bancada ligada à CBF e aos clubes de futebol. A comoção por causa da selvageria no jogo entre Atlético e Vasco tornou o momento atual propício para a implantação.
"Não existe nada pior do que votar projetos debaixo de pressão. Corremos o risco de tomarmos medidas apressadamente. Mas chega de grandes comoções", avalia o deputado. "Se a imprensa pegar pesado, creio que teremos êxito. Infelizmente, essa casa só funciona no tranco."
Caso seja instaurada, a CPI terá 120 dias para apurar e sugerir punições. Investigação que, de acordo com Portela, envolve temas como tráfico de drogas, de armas e lavagem de dinheiro, além dos episódios de violência como os verificados na última rodada do Brasileiro.
"Recebo cada vez mais denúncias. Há muita coisa para ser apurada. E vamos procurar a responsabilização de todos, enquadrar nas leis do país. E, se for o caso, pedirmos a extinção das organizadas envolvidas com problemas", diz o parlamentar, que afirma não ser favorável à dissolução geral das facções.
Além das brigas cada vez mais recorrentes, e agora dentro das praças esportivas, a Copa 2014 é outro motivo para a urgência em deslanchar a CPI. Especialmente, pela mistura do público local com o estrangeiro. "Não sabemos os tipos de torcidas que virão para o Brasil, se vão ser instigadas ou não, o que pode acontecer caso o Brasil não ganhe. É preferível que tomemos uma atitude. A curva ascendente da violência no Brasil está inflexível e inexorável. A tendência é piorar", fecha Portela.
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