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‘Fair play financeiro’ sai da pauta de reivindicações

A pauta que o Bom Senso FC enviará, nesta semana, para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) terá um item a menos que a esboçada pela movimento. A Gazeta do Povo apurou que questões financeiras serão suprimidas do documento, concentrando os esforços iniciais apenas na melhora do calendário.

Na pauta prévia, o grupo pedia uma versão brasileira do "fair play financeiro", pacote de medidas implantado gradativamente na Europa, desde 2009, para racionalizar os gastos dos clubes. A ideia é de que as equipes nacionais apresentem, no início de cada temporada, um plano financeiro para pagamento de salários ao longo do ano. O objetivo é evitar atrasos salariais e o acúmulo de dívidas de uma temporada para outra.

"Os jogadores estão entrando numa seara que não é a deles. Deveria ser uma pauta dos clubes, até porque só limitar gastos com salário não é suficiente. É preciso criar uma série de indicadores para limitar os gastos dos clubes", diz o economista Fernando Ferreira, diretor da Pluri Consultoria.

Ferreira cita como exemplo a relação entre despesas do departamento de futebol e a receita dos clubes. Entre os 25 clubes de maior arrecadação do Brasil, os gastos do futebol correspondem a 68% da receita total. O percentual é similar e até inferior ao de ligas economicamente mais estáveis, como Inglaterra (76%), Alemanha (62%) e Itália (76%).

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2015

Mudanças mais profundas no calendário do futebol brasileiro devem demorar pelo menos mais um ano. Durante a montagem da programação para a próxima temporada, CBF, televisão e Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) combinaram que, a partir de 2015, não haverá partidas oficiais em janeiro e dezembro de cada ano. Assim, os atletas teriam a garantia de um mês de férias e outro de pré-temporada. O Bom Senso FC tem entre suas reivindicações a adequação do calendário brasileiro ao europeu, com férias no meio do ano e partidas durante o verão.

O Bom Senso FC, movimento de jogadores por mudanças no calendário do futebol brasileiro, está perto de conseguir a sua primeira vitória. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já acena com o adiamento do início da próxima temporada de 12 para 19 de janeiro. A modificação, que deve ser confirmada nesta semana, daria a pelo menos 18 clubes da Série A uma pré-temporada de 11 dias, contra 4 da programação inicialmente anunciada pela entidade.

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"É uma mudança que está na nossa pauta há duas semanas. O presidente [José Maria] Marín está lidando diretamente com essa questão e em breve deveremos ter uma resposta", afirmou à Gazeta do Povo, na sexta-feira, o diretor de competições da CBF, Virgílio Elísio.

Antes mesmo de oficializada pela confederação, a mudança já foi implantada no Rio de Janeiro. A Federação local remanejou o início do Carioca para 19 de janeiro e anunciou a mudança da sua fórmula de disputa. As 16 equipes disputarão a Taça Guanabara em turno único e os quatro melhores avançam para os mata-matas, com semifinal e final, em um total de 19 datas.

A alteração teve a anuência da Rede Globo, um apoio de peso para os estaduais começarem mais tarde. Com a transmissão do futebol para o Rio iniciando dia 19, a mesma grade pode ser aplicada com maior facilidade nos outros estados.

No Paraná, a Federação também trabalha com a hipótese do adiamento em uma semana. Para isso, busca respaldo da televisão e do Conselho Nacional de Esporte – a anuência do CNE é exigida pelo Estatuto do Torcedor para que um regulamento seja mudado sem ser aplicado em pelo menos duas temporadas consecutivas.

O adiamento do calendário em uma semana seria uma maneira de a CBF esvaziar – ou até evitar – o encontro pedido pelos jogadores, no primeiro manifesto lançado pelo Bom Senso FC, no início da semana passada, com a assinatura de 75 atletas das Séries A e B do Brasileiro. Amanhã, o grupo se encontra em São Paulo já mais encorpado. Houve novas adesões nos últimos dias, o que deixaria o levante com cerca de uma centena de participantes.

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Do encontro, os jogadores pretendem sair com um texto pronto e reivindicações a serem apresentadas para a CBF. Essa versão definitiva terá apenas questões referentes a calendário.

"É uma discussão salutar e que precisa ser boa para todo mundo. Para federações, treinadores e jogadores trabalharem e para que o futebol seja um espetáculo interessante para o torcedor. Falo isso como amante do futebol, não como jogador, até porque vou aproveitar pouco disso. Estou próximo do fim da carreira", diz Alex, meia do Coritiba, um dos líderes do movimento.

Ao lado de Rogério Ceni, goleiro do São Paulo, Alex é um dos favoritos a ser indicado para representar o grupo nas negociações com os donos do futebol brasileiro. Além do histórico dentro e fora do campo, a dupla está em fim de carreira. Os dois teriam, em médio prazo, mais tempo para conduzir as discussões e estariam menos sujeitos a represálias por parte dos clubes.

Eleger os representantes na reunião com a CBF e para manifestações públicas será uma das pautas do encontro de amanhã. Um encontro que só foi confirmado na sexta-feira, ironicamente, por causa do calendário que os jogadores tentam mudar.

"Por causa do calendário, é difícil encontrar todo mundo. Tem de compor com data de jogos, concentração, datas de Série A e B, que jogam em dias diferentes", explicou Alex.

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