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O governo brasileiro exige da Conmebol uma punição dura e rápida ao Real Garcilaso, do Peru, pela atitude racista de sua torcida contra o volante Tinga, do Cruzeiro, no jogo da última quarta-feira entre as equipes pela Libertadores. Sempre que o jogador tocava na bola, a torcida adversária fazia gestos e sons imitando macaco. A presidente Dilma Rousseff classificou o episódio como "lamentável" e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, telefonou para o presidente da Conmebol, o uruguaio Eugenio Figueredo, exigindo providências para combater "atitudes preconceituosas e racistas". O presidente do Peru, Ollanta Humala, usou seu perfil no Twitter para condenar os insultos racistas. "Um país com tanta diversidade como o nosso, o que fortalece nossa identidade, com todas as culturas, não deve admitir reações racistas de nenhum tipo", escreveu Humalla. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, também pressionou a entidade sul-americana. A CBF, em tom mais ameno, "repudiou o ato de racismo" contra Tinga, mas não pediu diretamente qualquer tipo de providência. Pelo regulamento disciplinar da Conmebol, o Real Garcilaso está sujeito a penas que vão de multa de U$$ 3 mil a exclusão da Libertadores, passando por perda de mando de campo.

Apesar da pressão, a Conmebol não havia tomado até ontem nenhuma atitude. A alegação é que se fazia necessário esperar que o árbitro venezuelano José Argote e o delegado da partida entregassem seus relatórios – o prazo pelo regulamento é de 24 horas após o fim do jogo. No início da manhã, por meio do Twitter, a entidade disse que vai estudar "possíveis sanções". No entanto, a punição ao time peruano deve ser pesada. Caberá à comissão disciplinar da entidade a decisão sobre o caso. Hoje a Conmebol deverá se pronunciar.

Opinião

Um problema além do futebol

Fernando Rudnick

Uma situação chamou minha atenção no jogo entre Sporting Cristal e Atlético, em Lima, há duas semanas. Apesar de presenciar a manifestação da torcida peruana, não tive certeza absoluta. Relutei em acreditar. Após conversar com algumas pessoas, me convenci que estava com a impressão errada. Na noite da última quarta-feira, ao assistir às cenas de racismo de torcedores do Real Garcilaso em direção ao cruzeirense Tinga, tive a infeliz confirmação. Em algum lugar, já tinha ouvido aqueles mesmos insultos que imitavam o guinchar de macacos. Foi em proporção muito menor do que aconteceu em Huancayo, sim, mas também foram gritos de conotação racial. Eles saíram de parte das cadeiras mais caras do Estádio Nacional e se dirigiam ao zagueiro Manoel. Foram três ou quatro vezes, em ondas rápidas, mas igualmente revoltantes. O jogador, que em 2010 foi chamado de ‘macaco’ pelo zagueiro Danilo, não ouviu. Não sei se para o bem ou para o mal. O problema vai além do futebol. É da sociedade, que insiste em dizer que você está com impressão errada.

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