Depois de somar dois acessos seguidos no Brasileiro, saindo da Quarta para a Segunda Divisão em dois anos, o Londrina volta a ser protagonista. Com 34 pontos, apenas três a menos do que o Ceará – primeiro time no G4 –, o Tubarão briga seriamente pela sua promoção mais importante: para a Série A do Nacional.
O feito impressiona também porque o LEC foi, em 2009, o primeiro clube do país a sofrer uma intervenção judicial total, para honrar dívidas milionárias. Desde 2010, o departamento de futebol, terceirizado, vem sendo controlado pelo grupo do empresário Sérgio Malucelli.
Até por ter retornado à Série B para esta temporada, o Alviceleste não era cotado a já brigar pelo acesso, ao contrário do outro time paranaense na disputa, o Paraná , que completa dez anos na Segundona. O Tricolor, porém, mais uma vez passou de candidato a G4 a concorrente contra o rebaixamento. Foi ofuscado pelo conterrâneo, que tem em suas fileiras um importante ex-aliado paranista.
Ocimar Bolicenho, presidente do Paraná em 1994 e 1995, anos em que o clube dominava o futebol no estado, atualmente é diretor de futebol do Londrina. No cargo desde abril, ele já decreta que, hoje, o time do interior desbancou o da capital no duelo para ser a terceira força do estado – atrás da dupla Atletiba. “Nossos resultados nos últimos seis anos comprovam isso. Temos uma boa folha salarial, estrutura de centro de treinamento e estabilidade de comissão técnica. São elementos que diretamente afetam o que acontece em campo”, elencou.
Na opinião de Bolicenho, a estratégia do Londrina nesta Série B tem dado certo por causa da maturidade do time. “Em um primeiro momento, nosso objetivo foi permanecer na Série B. Hoje, é permanecer entre os dez primeiros colocados. Mas, como o campeonato é muito equilibrado e tudo pode mudar de uma semana para a outra, se mantivermos o nosso equilíbrio, pode ser que possamos brigar por algo maior já nesta reta final de campeonato”, disse.
Essa “humildade do elenco para brigar entre os maiores” é exatamente o que ele aponta como semelhança entre o Paraná vencedor de 1995 e o Londrina ambicioso de 2016.
O LEC é presidido pelo jovem Felipe Prochet, de 30 anos, que administra o passivo do clube e cuida do contrato com a SM Sports. Bolicenho aponta essa centralização nas decisões do futebol como determinante para o crescimento institucional. “Ajuda muito ter um gestor. Um clube tem um conselho de dirigentes com muitas opiniões divergentes, mesmo quando é todo mundo de situação. A gestão de uma pessoa só é mais simples, mais objetiva. Aliás, futebol é para poucas pessoas”, concluiu.