Pergunte a qualquer bom técnico de futebol qual o segredo de um elenco competitivo. A resposta será sempre a mesma: mesclar jovens talentos com jogadores experientes. A juventude garante velocidade, fôlego e a vontade típica de quem ainda está desenvolvendo a carreira; já o "macaco velho" tem na bagagem várias lições aprendidas dentro de campo sabe quando é hora de acelerar, quando é preciso cadenciar o ritmo, enfim, acumula conhecimentos úteis para todo tipo de situação. Nos dois casos, capacidade técnica continua sendo fundamental. Essa tem se tornado cada vez mais rara.Apesar de a mistura de faixas etárias frequentemente explicar o sucesso de uma equipe, a cada campeonato essas duas "classes sociais" disputam os holofotes, travam um duelo paralelo. Os velhinhos da bola, por exemplo, terminaram 2009 em alta. Tudo porque o sérvio Petkovic, aos 37 anos, liderou o Flamengo rumo ao título ao lado do também já rodado Adriano (completou 28 em fevereiro).
Agora quem dá o tom são os garotos. Ou melhor, os Meninos da Vila. Com a irreverência comum aos adolescentes e, acima de tudo, futebol de primeira qualidade, o trio Neymar, Ganso e André fez do ataque do Peixe a sensação deste início de ano. O Alvinegro tem atletas experientes no elenco, mas só se fala mesmo é na molecada. Algo parecido ao Santos campeão de 2004, que lançou Robinho, Diego e Elano.
Com o sucesso desta gurizada, é bem provável que uma nova safra de revelações das categorias de base seja tirada do forno. É a moda do momento. Adepto da tendência e sem muita alternativa , o Palmeiras colocou em campo um atacante de apenas 16 anos, Vinícius, para tentar resolver o problema de pontaria do time. Nunca alguém tão jovem havia vestido a camisa alviverde como profissional. Candidatos a astro do futuro já pipocam por todo o país.
Mas o outro lado da força segue batalhando. Um exército de trintões também vai desfilar com pompa nos gramados da Série A. Em alguns casos, eles são a alma do time, como o meia Paulo Baier (35), no Atlético. Todo o sistema ofensivo do Furacão passa pelas chuteiras dele. Ou Rogério Ceni (37), no São Paulo, capaz de perder um pênalti, defender duas cobranças e classificar o time às quartas de final da Libertadores, como fez na quarta-feira à noite, diante do Universitário do Peru. E sem sua liderança o Tricolor perde força.
Roberto Carlos (37), incansável lateral do Corinthians, é outra promessa de bom assunto para o campeonato, ao lado do pesadão atacante Ronaldo (33). Um dos destaques desse grupo dos "idosos" pode inclusive estar se despedindo neste ano. Frustrado depois da perda do título de 2009, o palmeirense São Marcos prometeu se aposentar no fim do ano.