De nada adiantaram as polêmicas fora dos gramados e a demonstração de garra e paixão de sua torcida. Com o empate neste domingo com o Fluminense, por 1 a 1, no Estádio Giulite Coutinho, em Mesquita, pela última rodada do Campeonato Brasileiro, o Internacional viveu o pior momento de sua história. O gigante gaúcho, tricampeão brasileiro e de nomes gloriosos como Figueroa, Batista, Falcão e Taffarel, foi pela primeira vez rebaixado à Série B.
Falcão, aliás, ícone maior da vitoriosa história colorada, é ironicamente um nome que ajuda a explicar a derrocada. Durante um ano, a diretoria do Internacional cansou-se de errar. Teve quatro técnicos apenas em 2016, apostando em nomes com poucos trabalhos sólidos nas últimas temporadas, como Argel Fucks, Celso Roth e Lisca, além do próprio Falcão. Também não se rogou ao contestar o contrato de Victor Ramos com o Vitória e apelar desesperadamente ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Fez, inclusive, polêmicas declarações envolvendo a tragédia da Chapecoense, time que recebeu bonitas homenagens na rodada deste domingo.
E o resultado de tantos erros foi o implacável rebaixamento. O Internacional, que chegou a liderar o Brasileirão nas rodadas iniciais, acabou apenas em 17º lugar, com 43 pontos. Já o Fluminense, após disputar uma vaga na Copa Libertadores durante parte do campeonato, terminou em 13º, com 50 pontos, bem distante de seu objetivo, mas com vaga garantida na próxima Copa Sul-Americana.
Precisando da vitória e de uma combinação de resultados, o Internacional iniciou com uma escalação ofensiva, com Alex na lateral esquerda, Anderson na armação e Vitinho e Nico López formando a dupla de ataque. O nervosismo, contudo, era evidente. A equipe pouco conseguia trocar passes. E o Fluminense, apesar de já ter dado férias a alguns titulares, dominou todo o primeiro tempo.
A primeira boa chance veio aos 13 minutos, quando Gustavo Scarpa recebeu na entrada da área e bateu rasteiro, exigindo boa defesa de Danilo Fernandes. O meia, aliás, era o destaque do jogo. Pouco depois, da intermediária, ele bateu falta com perigo - a bola saiu raspando a trave. E, aos 35, após bom cruzamento do armador, Wellington recebeu dentro da área e chutou por cima.
O Internacional, por sua vez, seguia encurralado. Lisca chegou a inverter a posição de Alex - Anderson foi para a lateral -, mas a alteração não surtiu qualquer efeito. O que já era difícil ficou ainda pior quando, após rápido contra-ataque, Henrique Dourado cruzou e Alex cometeu pênalti em Richarlison. Na cobrança, o próprio atacante bateu rasteiro e Danilo Fernandes fez grande defesa, renovando as esperanças para o segundo tempo.
Mas o panorama pouco mudou na etapa final. Sem padrão tático, com um time confuso e dependente das individualidades, o Internacional se mantinha apático e não conseguia criar, apesar da necessidade indispensável da vitória. Já o Fluminense seguia melhor e quase abriu o placar logo aos dois minutos. Após passe de Scarpa, Wellington recebeu sozinho, saiu frente a frente com Danilo Fernandes e tentou um toque por cobertura. A bola, contudo, saiu fraca e sem direção.
Aos dez minutos do segundo tempo, a situação se tornou ainda mais dramática. O Sport fez 1 a 0 sobre o Figueirense, resultado que rebaixava o Internacional independentemente do resultado no Giulite Coutinho. Sem força, o time gaúcho apenas observava o Fluminense jogar. Aos 14, sozinho, Richarlison recebeu dentro da área e desperdiçou outra boa chance.
Somente aos 17 o Internacional chegou com perigo. Após cobrança de falta, Ernando aproveitou rebote e bateu fraco, no meio do gol. Era pouco. Lisca ainda colocou Andrigo e Gustavo Ferrareis - respectivamente nos lugares de Alex e Valdívia -, mas o abatimento e a falta de inspiração prosseguiam.
O rebaixamento se consolidava minuto a minuto. O time gaúcho até buscou ampliar o ímpeto ofensivo. A pressão, porém, pouco surtia efeito. Perdido, o time em campo parecia o retrato de sua desastrada diretoria. Até que aos 27, lacrando o inevitável, Douglas recebeu passe da entrada da área, bateu colocado e abriu o placar ao Fluminense. Ferrareis ainda descontou aos 42 para o Inter, mas o gol em nada mudou o panorama.
À torcida colorada, atônita e aos prantos, restou apenas aguardar o apito final. E, assim, em meio ao cenário desolador, na mesma semana em que seu rival Grêmio sagrou-se campeão da Copa do Brasil, o Internacional foi rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro.
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