O laranja do BMG deu lugar ao azul, branco e laranja da Caixa Econômica Federal como marca mais presente nas camisas do futebol brasileiro. Nesta semana, o banco estatal acerta os últimos detalhes para liberar os R$ 15 milhões empenhados em patrocínio com o Vasco e interrompe, pelo menos por enquanto, sua investida nos gramados. Somente depois irá se pronunciar sobre a estratégia que estabeleceu uma nova hegemonia no marketing esportivo nacional.
Atualmente, a CEF estampa os uniformes de 11 times brasileiros. Uma exposição que custará ao banco R$ 96,9 milhões em um ano. É mais do que o BMG gastava em 2011, seu ano mais agressivo no futebol. Eram R$ 70 milhões pulverizados entre 31 times. É mais, também, do que aquilo que a própria Caixa destina às modalidades olímpicas, seu foco anterior no esporte.
Em vigor desde 2001, a parceria com a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) foi renovada em 2013 por mais quatro anos. O banco desembolsará R$ 90 milhões pelo período, menos que uma temporada de futebol. Para o Comitê Paralímpico Brasileiro, são R$ 30 milhões anuais no ciclo olímpico dos Jogos do Rio, em 2016, um pouco abaixo do valor destinado ao Corinthians.
O clube paulista foi o primeiro agraciado pela nova estratégia do banco. O contrato fechado em novembro do ano passado é o mais alto e também o mais polêmico. Em fevereiro, o acordo, válido até o fim de 2014, foi suspenso pela Justiça, atendendo a pedido de um advogado do Rio Grande do Sul. A argumentação do autor da ação era de que o patrocínio caracterizava dano ao erário e que um órgão público não poderia investir em uma empresa privada.
O embargo durou três meses. Para derrubá-lo, a Caixa alegou que praticamente empatou o investimento do primeiro ano com o retorno de mídia de R$ 29 milhões, graças ao título mundial do Corinthians. Também apegou-se à necessidade de competir no mercado com os privados Bradesco, Itaú e Santander. Os três têm pesados investimentos no esporte. O Bradesco é patrocinador oficial da Olimpíada de 2016 e mantém uma rede de emissoras de rádio de esporte; o Itaú é patrocinador do futebol da Rede Globo e da Copa do Mundo de 2014; o Santander detém o naming rights da Libertadores e atua na Fórmula 1.
Atualmente, a Caixa é o quarto maior banco do país. Com ativos total de R$ 702,9 bilhões em 2012, está atrás de Itaú (R$ 1 trilhão), Banco do Brasil (R$ 935,4) e Bradesco (R$ 894,4 milhões).
Mesmo que ajude, a exposição trazida pelos gramados não será capaz de permitir à CEF um salto similar ao do BMG. Antes de passar a estampar uniformes, o banco mineiro de crédito consignado (mercado dominado por Caixa e Banco do Brasil) não aparecia entre as 120 marcas mais lembradas por torcedores de futebol, em levantamento realizado pela empresa alemã Sports+Markt. Em 2011, já era a terceira mais citada. Exposição que pavimentou o desenvolvimento do Soccer BR1, fundo de investimento em jogador que é, hoje, o mais firme tentáculo da marca laranja no futebol.
Sem planos de diversificar a atuação no futebol, a Caixa tem sua ofensiva associada a questões políticas. O próprio acordo com o Corinthians é atribuído, nos bastidores, ao ex-presidente Lula. O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) admitiu publicamente ter influenciado o aporte de R$ 1 milhão no ASA. Vice-presidente do banco, o ex-deputado federal Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), comemorou em entrevistas que a decisão política de patrocinar Bahia e Vitória já estava tomada.
O Vitória efetivamente fechou acordo. São R$ 6 milhões por ano, mesmo valor recebido pela dupla Atletiba. O acerto político do Bahia esbarrou em uma questão técnica. O clube não tinha Certidão de Débitos Negativa, o que impede de receber recurso de empresa pública.
É o mesmo motivo que postergou a assinatura com o Vasco e adiou irremediavelmente o acerto com o Paraná. A possibilidade de fechar com a Caixa foi levada em conta na decisão paranista de leiloar a sede do Tarumã e quitar suas dívidas.
O clube, porém, não conseguiu concluir o acordo a tempo. Ficou para 2014, com Bahia, Santos, Juventude, Caxias, Cruzeiro e Atlético-MG. Os dois grandes mineiros não gostaram do contrato proposto pela CEF e preferiram ficar com o BMG. Um foco de resistência na troca de letras nas camisas do futebol brasileiro.
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