O Bom Senso FC alertou os deputados federais sobre as mudanças feitas pelos dirigentes de clubes na proposta da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRFE). Nesta terça-feira (4), o movimento de jogadores que cobra mudanças no futebol brasileiro publicou uma nota esclarecendo os legisladores dos diferentes pontos de vista entre atletas e cartolas sobre o tema.
A cobrança é uma resposta do grupo às modificações feitas pelos cartolas na proposta encaminhada ao Congresso semana passada. As mudanças na proposta, feitas pelos cartolas, desagradou o movimento. O movimento dos jogadores acusa os dirigentes de não respeitarem o que foi combinado entre as duas partes durante encontro realizado no Rio no início de outubro.
"O retrocesso é, na verdade, fruto deliberado de um conjunto de forças malsãs que trabalha intensa e consistentemente em favor do atraso", diz o comunicado do coletivo de jogadores.
O Bom Senso lembra que a LRF deve ir à votação na Câmara dos Deputados em breve, e colocou nas mãos dos congressistas a escolha do destino do futebol brasileiro. Os atletas aproveitaram para explicitar as maiores diferenças entre a proposta original e o texto alterado pela CBF, com anuência dos clubes.
A primeira discórdia diz respeito à adoção de um teto salarial, defendida pelos jogadores, com o departamento de futebol sendo responsável por no máximo 70% do orçamento dos clubes. Os cartolas defendem liberdade para que possam definir o valor, mantendo o que acontece atualmente.
A sede pelo poder também se refletiu na exclusão do dispositivo que limitaria os dirigentes da CBF a mandatos de quatro anos, com apenas uma recondução. Além disso, a possibilidade dos jogadores terem poder de voto nas federações e na CBF foi retirada no projeto alterado.
A proposta original da lei previa inelegibilidade por dez anos dos dirigentes punidos por gestão temerária a pedido dos próprios cartolas e da CBF, o item também acabou excluído, acabando com a possibilidade de qualquer tipo de punição.
O cumprimento do direito de imagem dividiu os dois lados: os jogadores defendem a fiscalização, enquanto os dirigentes não querem nenhum tipo de controle ou limitação. Até mesmo na aplicabilidade da nova lei há opiniões contrárias: os atletas querem punições aos clubes inadimplentes já em 2016, enquanto os dirigentes querem que a aplicação só seja feita em 2019.
A adoção de um órgão fiscalizador, composto por treinadores, executivos, árbitros, atletas, patrocinadores, CBF e clubes, aconteceria em 90 dias na proposta original. Os cartolas, além de retirarem o prazo para criação do órgão, restringiram a composição a representantes da CBF, clubes, Conselho Federal de Contabilidade, OAB e atletas.
Finalmente, a definição de gestão temerária, incluída pelos atletas no projeto original, recebeu muitas ressalvas dos cartolas. O Bom Senso FC acredita que os cartolas estejam se aproveitando do momento político delicado em Brasília para forçar a aprovação da proposta alterada.