Em meio a uma das maiores crises da história da CBF, com a entidade sendo alvo de uma CPI no Senado e o ex-presidente José Maria Marin preso acusado de receber propina, os clubes estão prestes a assumir o controle do futebol brasileiro. Nos próximos dias (assim que for definido o representante da Série D), a Comissão Nacional de Clubes vai se reunir no Rio para começar a se articular e tomar conta da Copa do Brasil e de todas as divisões do Campeonato Brasileiro, deixando a CBF, na prática, responsável apenas pela seleção.
O grupo é formado por nove presidentes de clubes: cinco da Série A (entre eles o Atlético), dois da Série B, um da Série C e um Série D. “A partir de 2016, os campeonatos serão do nosso jeito. Vamos cuidar do Brasileiro e da Copa do Brasil, enquanto a CBF ficará com a seleção”, afirmou o presidente do Corinthians, Roberto de Andrade. “Como todos os clubes das quatro divisões estarão representados na comissão, não vai prevalecer a minha vontade ou a de outro presidente. Nada será feito debaixo dos panos. Tudo será às claras.”
Pressionada após a prisão de Marin e diante da ameaça de os clubes criarem uma liga independente, a CBF resolveu dar mais espaço aos dirigentes e instituiu a comissão em seu estatuto. Os cartolas, então, aproveitaram que as decisões do grupo não podem ser vetadas pelo presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, e resolveram que passarão a ditar as regras dos campeonatos.
Na pauta da primeira reunião estão mudanças no calendário e no sistema de disputa do Brasileiro. Vários clubes da Série A, liderados pelo Grêmio, defendem a volta do mata-mata. A alteração não agrada ao presidente da CBF, que já declarou que a sua preferência é pelos pontos corridos. A justificativa de Del Nero é que os clubes participam de outras três competições no formato mata-mata: Copa do Brasil, Sul-Americana e Libertadores – sem falar nos Estaduais, que têm mata-mata depois da fase de classificação.
Na Série C, em contrapartida, o pedido de alguns dirigentes é pelo fim do mata-mata. A proposta é que seja substituído por um quadrangular final.
Mas o que os clubes decidirem caberá a Del Nero acatar. “É uma comissão sem vetos. O que for decidido ali é definitivo. A CBF vai apenas supervisionar os campeonatos e executar o que nós decidirmos”, afirma o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior.
Outro foco dos dirigentes será o calendário. Hoje a reclamação é de que a janela para contratar jogadores do exterior se fecha mais de um mês antes do encerramento do mercado europeu. Assim, os clubes ficam impedidos de buscar jogadores fora do País para repor peças.
Cotas de TV
Com exceção de Flamengo e Corinthians, que receberão no triênio de 2016 a 2018 o montante de R$ 170 milhões por ano, os demais clubes estão descontentes com a divisão dos valores e pedirão que os contratos futuros sejam revistos. A nova negociação será liderada pela Comissão.
O horário dos jogos também é alvo de críticas. Na Série B, por exemplo, os clubes pediram o fim das partidas às 21h50 e a CBF tratou de negociar com as emissoras detentoras dos direitos de transmissão para que os jogos começassem às 21h30.
“A grade da televisão nos submete a situações que nos deixa fragilizados, principalmente em relação à logística e à presença da torcida no estádio”, reclama o presidente do ABC, Rogério Marinho. Entre os clubes da Série A, a exigência é por mais jogos às 11 horas de domingo.
CPI do Futebol define plano de trabalho
A CPI do Futebol terá a sua primeira reunião nesta terça-feira (4) em Brasília. A comissão vai investigar a CBF e possíveis irregularidades em contratos da seleção brasileira e de campeonatos organizados pela entidade, além da Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo do ano passado.
O encontro entre o relator da comissão, Romero Jucá (PMDB-RR), o presidente, Romário (PSB-RJ), e outros senadores servirá para definir o plano de trabalho dos parlamentares e o cronograma de convocações e pedidos.
Um dos primeiros atos da CPI deverá ser o pedido da quebra dos sigilos bancário e fiscal da CBF, do presidente Marco Polo Del Nero, e dos ex-presidentes José Maria Marin e Ricardo Teixeira. A comissão terá 180 dias de duração.
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