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Histórico

País teve seis datas a menos em 2006 e 2010

Virgílio Elísio conta com a experiência das duas últimas Copas do Mundo para montar o calendário do futebol brasileiro para 2014. Mas o diretor de competições da CBF tem diante de si um cenário mais difícil que os de 2006 e 2010. Nas duas temporadas, o calendário brasileiro de clubes foi distribuído em 85 datas, seis a menos que o utilizado em 2013, molde para o próximo ano.

No ano do Mundial da Alemanha, os campeonatos estaduais ocupavam 19 datas, quatro a menos que atualmente. Mesmo assim, foi necessário abrir as disputas domésticas no dia 11 de janeiro, com apenas dez dias de pré-temporada. O Brasileirão teve dez rodadas antes da Copa. Parou a cinco dias do jogo de abertura e foi retomado três dias depois do tetracampeonato da Itália.

Em 2010, mesmo com os estaduais já exigindo os atuais 23 meios ou finais de semana, o calendário brasileiro teve as mesmas 85 datas de 2006. A Copa do Brasil (com uma fase a menos que hoje) teve suas etapas iniciais espalhadas por menos quartas-feiras. Mais uma vez, os estaduais começaram com apenas dez dias de pré-temporada. O Brasileirão teve cinco rodadas pré-Copa da África do Sul e também retornou na quarta-feira seguinte à final.

Estádios

A Copa também deixará uma série de clubes sem estádio durante seis datas do primeiro semestre de 2014. A Fifa assumirá a gestão das arenas em 20 de maio, a 23 dias do Mundial. Nesse período, é proibida a realização de partidas de clubes. Assim, dos times hoje na Série A, Atlético, Inter, Corinthians, Botafogo, Flamengo, Fluminense, Cruzeiro, Bahia e Náutico ficariam provisoriamente sem seus estádios.

O já estrangulado calendário brasileiro corre o risco de entrar em colapso em 2014. A paralisação do futebol nacional imposta pela realização da Copa do Mundo no país deixou a CBF diante de um dilema. O número de datas disponíveis é menor do que o necessário para acomodar todas as competições de clubes.

O tema tem mobilizado clubes, federações e a própria confederação há algumas semanas. O diretor de competições da CBF, Virgílio Elísio, garante que a entidade está perto de fechar a equação. A ideia é anunciar o calendário em meados de setembro.

"Temos alguns complicadores que não existiam em outros anos. A Copa das Confederações foi realizada no Brasil, o que provocou uma paralisação do futebol de clubes que antes não existia. Isso deixou algumas sequelas para o ano que vem que estamos estudando como eliminar", afirmou Elísio.

Mais do que sequelas, 2013 deixou claro que o calendário nacional está saturado. Exceto as três semanas de intervalo para a Copa das Confederações, não haverá nenhum fim ou meio de semana sem futebol de clubes no país entre 20 de janeiro (abertura dos estaduais) e 8 de dezembro (fim do Brasileiro).

Ao todo, a CBF consumiu 91 datas para montar o calendário deste ano. Repetir a dose em 2014 é impossível. Se a Copa das Confederações deixou o futebol de clubes parado por 16 dias, o hiato provocado pelo Mundial irá durar exatamente o dobro. A esticada do Brasileirão-2013 até o segundo domingo de dezembro (usualmente, a rodada final é no primeiro) empurra as férias, a pré-temporada e a retomada dos estaduais para frente. No outro extremo, o Mundial de Clubes de 2014 começa cinco dias mais cedo, o que impõe o primeiro domingo de dezembro como ponto final do Brasileirão. Neste cenário, há 85 datas disponíveis.

"Estamos levando em consideração todos os fatores. Pré-temporada, férias, estaduais. A partir disso, elaboramos vários planos. Mas tudo será acomodado no calendário, como sempre foi", diz Elísio.

Estaduais e Brasileiro são as competições com menor espaço de manobra. O Estatuto do Torcedor determina a repetição do regulamento de um campeonato por no mínimo dois anos. Assim, qualquer mudança que reduza as 23 datas das disputas locais e as 38 do Nacional só será possível em 2015. A possibilidade de reduzir pré-temporada e férias é mal-vista por clubes e sindicatos.

"Queremos é que a pré-temporada tenha 30 dias. Esse período é preciso ser tratado com muito cuidado", diz o presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade. Em 2012, as contusões invariavelmente causadas pela sobrecarga de jogos fizeram o clube gastar R$ 8,7 milhões em salários de jogadores que não entravam em campo e despesas de tratamento. "Os estaduais precisam passar por uma reestruturação. Talvez o caminho seja começar o ano com um time sub-20 para o principal fazer pré-temporada. Depois, por o titular aos domingos e um time alternativo às quartas-feiras", diz Andrade.

A ideia se assemelha ao tratamento dado pelo Atlético ao Estadual. Em uma combinação entre questões físicas e políticas, o clube jogou o Paranaense com o Sub-23 e deixou o elenco principal apenas treinando.

"Já nos reunimos com alguns clubes para falar de calendário. Ano de Copa é atípico, mas precisa se buscar uma solução mais ampla. Os regionais, do jeito que estão hoje, são inviáveis. Os grandes precisam entrar em um outro universo, disputando menos partidas", diz o presidente do Vasco, Roberto Dinamite.

Na prática, contudo, é improvável que os estaduais sejam enxugados para adequar o calendário brasileiro à Copa. "Por exigência da lei, teremos a mesma base de 2013. Talvez a CBF veja alguma coisa para começar a Copa do Brasil antes", indica o vice-presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Amilton Stival, com a mesma incerteza que o calendário da próxima temporada põe diante dos clubes brasileiros.

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