O caminho percorrido pelo Corinthians em 2015 até chegar ao hexacampeonato brasileiro definitivamente não foi um mar de rosas. Apesar do amplo domínio da equipe na metade final do Brasileiro, o início da campanha corintiana foi cheia de tropeços e incertezas.
A equipe iniciou o campeonato em dívida com seus atletas e, logo após a vitória sobre o então campeão Cruzeiro na estreia, foi eliminada precocemente da Libertadores com uma derrota em casa para o Guaraní do Paraguai, nas oitavas de final.
Com a queda no torneio continental e a crise financeira do clube -causada principalmente pelo pagamento de R$ 15 milhões em agosto de 2014 para quitar dívida fiscal e tentar livrar o ex-presidente Andrés Sanchez de ação criminal movida pelo Ministério Público Federal-, a diretoria alvinegra teve de enxugar a folha salarial do time.
O primeiro a deixar a equipe foi o atacante Paolo Guerrero, que assinou com o Flamengo após uma longa novela sobre sua renovação. O clube rubro-negro também foi o destino de Emerson Sheik.
Os dois atacantes já não estavam à disposição do técnico Tite em 31 de maio, quando o Corinthians sofreu sua única derrota em casa neste Brasileiro, um 2 a 0 para o arquirrival Palmeiras.
TABELA - veja como fica a classificação do Brasileiro após o título do Corinthians
“A perda de alguns jogadores vai ser a coisa mais difícil para nós. Perdemos jogadores muito importantes para o time. Eles eram a espinha dorsal da equipe”, afirmou o meia Renato Augusto após a derrota no clássico.
No jogo seguinte, o Corinthians voltou a ser derrotado, dessa vez pelo Grêmio, por 3 a 1, fora de casa. Com o resultado a equipe chegou à sua pior posição neste Brasileiro, o 11º lugar na quinta rodada.
No início de junho, a equipe chegava a três semanas sem vencer, mas interrompeu a série negativa batendo o Joinville, que ocupava a lanterna do campeonato. Na rodada seguinte, confirmou a recuperação vencendo o Internacional no Itaquerão, de virada, por 2 a 1, o que o colocou de volta no G4.
No entanto, pouco depois, o Corinthians voltaria a ter um resultado negativo em clássico e perder jogadores, fatores que haviam agravado a crise no clube após a eliminação na Libertadores.
Após derrota por 1 a 0 para o Santos na Vila Belmiro, torcedores protestaram contra o time e a comissão técnica com gritos como “ou joga por amor, ou joga por terror”, o que irritou o técnico Tite.
“A gente joga por amor, não tem vagabundo, não tem jogador que simula lesão. Tem uma formação de equipe, o que demanda tempo”, afirmou o treinador, que ainda perderia o lateral Fábio Santos e o volante Petros, liberados para o Cruz Azul, do México, e Betis, da Espanha, respectivamente.
Arrancada
Dessa vez, no entanto, os jogadores corintianos não se abalaram com a saída dos companheiros e logo se recuperaram na competição.
Com a vitória por 2 a 1 sobre o Figueirense no Itaquerão, na partida seguinte, o time de Tite começou uma sequência de 17 jogos sem perder no Brasileiro -série invicta que só acabaria em setembro, após derrota por 2 a 1 para o Internacional.
Com a chegada de julho, degrau por degrau, o Corinthians foi subindo na tabela. Ganhando uma posição por rodada, o time chegou à vice-liderança no dia 18, logo após vencer o então líder Atlético-MG por 1 a 0, no Itaquerão.
Quase um mês depois, no dia 13 de agosto, o Corinthians chegou definitivamente à liderança do campeonato ao ver o time atleticano perder em casa para o Grêmio por 2 a 0 -um dia antes, a equipe paulista havia batido o Sport por 4 a 3.
Ao mesmo tempo em que chegava à ponta da tabela, o Corinthians via se aproximar a disputa das oitavas de final da Copa do Brasil, em duelo contra o Santos, que vinha em franca ascensão.
Mas nem as derrotas nos dois clássicos contra o time da baixada diminuíram o ânimo do Corinthians no Nacional. A equipe respondeu a cada derrota na Copa do Brasil com um triunfo no Brasileiro.
No início de setembro, o Corinthians voltou a enfrentar o Palmeiras. Adversário que o havia eliminado no Paulista e agravado a crise corintiana em maio.
Em um jogo muito disputado, a equipe alvinegra ficou atrás no placar em três oportunidades e nas três conseguiu buscar o empate, terminando o clássico em 3 a 3.
Com outro empate contra o Grêmio e a vitória sobre o Santos por 2 a 0, no Itaquerão, o Corinthians terminava de forma positiva aquela que havia sido sua pior sequência de jogos no primeiro turno e já começava a mirar o confronto direto contra o vice-líder Atlético-MG, dali a pouco mais de um mês.
A missão do Corinthians era chegar à partida com uma boa vantagem na tabela para não dar margem a uma reação atleticana em caso de derrota no Independência.
Objetivo cumprido pelo time, que foi para a “final” em Belo Horizonte com oito pontos a mais que o Atlético-MG.
Com a acachapante vitória fora de casa por 3 a 0, o Corinthians se colocou como virtual campeão brasileiro e só esperava o título se confirmar matematicamente.
Na rodada seguinte, o grito de campeão foi abafado pelo gol da vitória do Atlético-MG sobre o Figueirense por 1 a 0, no fim do jogo. Mas nesta quinta (19), mesmo com o empate com o Vasco, os jogadores corintianos puderam finalmente comemorar o título brasileiro após a vitória do São Paulo sobre o Atlético-MG.