Ao contrário do Fluminense, que se contentou com a renda de só 43 mil lugares (os mais baratos, atrás dos gols) dos mais de 78 mil do novo Maracanã, o Flamengo está exigindo da concessionária uma participação maior nos lucros do estádio, como camarotes e lojas. Mas não só por isso a negociação entre clube e Maracanã S.A. ainda se arrasta - o Flamengo reluta em assinar contrato por 35 anos com o grupo, como fez o Fluminense na quarta.
Segundo o presidente do Maracanã S.A., João Borba, esses são os pontos cruciais que até o momento impedem o acerto com o Flamengo. O clube da Gávea quer participação nos 110 camarotes (o mais barato, para 15 pessoas, será vendido por R$ 350 mil por ano) e em outras receitas, como restaurantes, lojas e estacionamento. As duas partes já tiveram pelo menos três rodadas de negociação e ainda não chegaram ao acordo.
Com o Flamengo, Borba deu a entender que pode fechar uma formatação diferente: ao invés de dar ao rubro-negro certa quantidade de camarotes, por exemplo, estabelecer uma porcentagem de participação. "Cada um está buscando otimizar o seu negócio: eu preciso pagar minhas contas e o Flamengo entende que precisa de mais", disse o presidente do Maracanã S.A., em entrevista concedida num dos novos camarotes do estádio.
Além dos camarotes, a concessionária pretende ficar com todo o lucro da venda dos ingressos centrais de arquibancada, possivelmente no formato de "season tickets" (para todo o ano), ao preço mínimo de R$ 100 por jogo. O preço dos ingressos cuja renda ficará com os clubes será definido por cada um deles.
"O que vai acontecer na prática é que eu tenho de chegar para cá e eles (Flamengo) para cá", disse, encurtando o espaço entre as mãos. "É mais complicado para mim porque tenho um monte de compromissos, a maioria dos custos são meus".
O presidente do consórcio afirmou que está próximo de um acerto com o Botafogo, que quer mandar seus jogos no Maracanã até a reabertura do Engenhão, prevista só para o fim de 2014. Segundo Borba, o consórcio vai procurar também o Vasco, que tem São Januário: "Queremos realizar aqui (no Maracanã) todos os clássicos".
O executivo negou que o consórcio vá exigir dos clubes mudanças drásticas de postura dos torcedores, como a proibição de torcedores sem camisa ou em pé. "Ainda estamos conversando com os clubes. Queremos assinar um Termo de Ajustamento de Conduta com eles. Não podemos ter 500 cadeiras quebradas num jogo, por exemplo", disse, indicando que os clubes então teriam de arcar com os prejuízos.
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