O coro de 11 mil santistas soou forte após o triunfo deste domingo sobre o Palmeiras, por 2 a 1, na Vila Belmiro, com uma motivação principal: o time recuperou a vaga no G4 e afastou o adversário da briga. Foi a 15.ª vitória seguida do Santos na Vila. Para a Copa do Brasil, torneio que os rivais vão decidir a partir do dia 25 de novembro, a disputa está aberta. O Palmeiras pressionou no final e poderia ter empatado. O coro santista foi também de alívio.
O Palmeiras fez uma marcação bastante inteligente. Grudou Thiago Santos em Lucas Lima, o cérebro santista, e ordenou que Thiago Sales seguisse Marquinhos Gabriel, o plano B da criatividade santista. Pela esquerda, Robinho bloqueava os avanços de Zeca. Além de tudo isso, impediu que o time rival armasse as jogadas desde a troca de bola com os zagueiros, lá atrás. O Santos era obrigado a fazer um jogo sempre esticado, quase sempre forçado, fora de suas características.
Para o time alviverde, também era importante desacelerar o jogo, transformar cada arremesso lateral em uma pendenga diplomática. O Palmeiras picou e esfriou a partida. Não inventou a roda, apenas fez o arroz com feijão diante de um time rápido e habilidoso, que é praticamente imbatível em casa.
O repertório do Santos, no entanto, é variado. Com os protagonistas bem marcados, o time apostou nos coadjuvantes. Na primeira vez em que Robinho não acompanhou Zeca, o lateral chegou à linha de fundo e cruzou de cabeça erguida para Thiago Maia. O volante, uma das principais revelações da temporada, jogador que marca e chega para finalizar, bateu de primeira: 1 a 0. Mesmo marcados, Lucas Lima e Ricardo Oliveira participaram bem do lance.
A preocupação excessiva com a defesa havia deixado o Palmeiras capenga para atacar. Robinho e Dudu tiveram dificuldade para abrir a defesa santista. Uma boa chance só saiu aos 40 minutos, quando Thiago Sales finalizou, a bola desviou na zaga e acertou o travessão.
A oportunidade nasceu de um lance em que Daniel Guedes estava caído, mas o Palmeiras não parou o jogo. A rigor, falta de fair play. Erro que o Santos já havia cometido lances atrás. Esse parêntese ilustra como o jogo estava pegado e tenso. Ricardo Oliveira e Prass levaram para a Vila uma rivalidade pessoal que havia começado no jogo do primeiro turno; Zé Roberto deu um carrinho em Gabriel que merecia vermelho, mas ficou apenas no amarelo.
Nos acréscimos do primeiro tempo, as duas equipes jogaram fora chances inacreditáveis. Gabriel Jesus aproveitou um chutão e escorou, mas Robinho bateu mascado, por cima. Um minuto depois, Gabriel perdeu uma chance com o gol vazio, depois de ter driblado Prass.
Esses dois lances foram importantes, porque foram uma prévia do desenho tático do jogo a partir do 1 a 0 santista. O Palmeiras sairia para buscar a igualdade e daria espaços para o contra-ataque, a especialidade do time da casa.
O Santos foi mais eficiente nessa troca de golpes. Aos 3 minutos, Gabriel cruzou bem e Ricardo Oliveira tocou de cabeça, sozinho, para fazer seu 20.º gol no torneio. Falha de marcação de Zé Roberto no lance.
O Palmeiras mostrou uma deficiência grave desde o início do jogo: a falta de finalização. Nem com 2 a 0 contra, nem com os erros na saída de bola que o Santos cometeu no segundo tempo, o time foi objetivo. A equipe ficou mais no ataque, mas Vanderlei, o goleiro santista, trabalhou pouco.
O Santos mostrou uma falha que ainda não havia mostrado na Vila: a displicência. Foram pelo menos três contra-ataques perdidos na etapa final. E o time acabou “punido” por não ter aberto 3 a 0. Após belo passe de Barrios, Dudu diminuiu: 2 a 1.
O jogo mudou. Pela primeira vez em muitas partidas na Vila, o Santos se viu acuado e intranquilo. Falhou na defesa e permitiu a pressão do Palmeiras. Chance clara foi apenas uma, quando Dudu dividiu com Vanderlei, mas o Santos correu riscos, algo que incomodou a torcida e que mostra que o resultado deste domingo não pode ser considerado como um prognóstico da final da Copa do Brasil.
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