A vitória do Coritiba sobre o Atlético no clássico de domingo (20), o empate do Paraná, marcado por erros da arbitragem, e a situação complicada do Operário movimentaram a última rodada do Paranaense.
Confira a opinão dos colunistas da Gazeta do Povo, Adriano Ribeiro , Carneiro Neto , Edson Militão e Luiz Augusto Xavier , sobre o Atletiba, a arbitragem contra o Tricolor e o possível rebaixamento do Fantasma.
O Coritiba tem vivido nos últimos anos muito em função das glórias no Atletiba. Corre o risco de se iludir com o clássico ou deve engrenar na temporada?
Adriano Ribeiro - Não vejo risco de o time se iludir. Mas não dá para desvalorizar o peso de uma vitória no Atletiba, ainda mais fora de casa. O Gilson Kleina terá muito mais tranquilidade para trabalhar, justamente com a aproximação do mata-mata. Além disso, agora tem Kléber e Ortega juntos à disposição no ataque pela primeira vez. É o cenário mais favorável para o técnico desde o início do ano.
Carneiro Neto - Na verdade, tanto o clássico como o título estadual iludem. Se for comparar com o padrão que iremos ver na Copa do Brasil e no Brasileirão, é totalmente diferente. O futebol brasileiro está nivelado tão por baixo que é difícil fazer alguma projeção. Mas não dá para ter base só pelo jogo de domingo.
Edson Militão - Deve engrenar. Jogar contra Atlético, na casa do adversário, com a aplicação que mostrou, não é fácil e dá muita moral. Principalmente por esse aspecto psicológico, a equipe ganha um embalo para o mata-mata e para a sequência. Acho que veremos um time com muito mais convicção, mais confiança. Foi uma vitória emblemática.
Luiz Augusto Xavier - Corre os dois riscos. Está sujeito a se iludir, se achar que está tudo bem e que não precisa de mais nada, de nenhuma correção. Ao mesmo tempo, é histórico que uma vitória no clássico dá mais coragem, acaba servindo como incentivo para mostrar que a equipe tem potencial e que pode se desenvolver em cima disso.
Após a derrota no clássico, o técnico Paulo Autuori afirmou que falta força mental ao Atlético. Cabe essa justificativa ou os problemas da equipe são outros?
Adriano Ribeiro - Está faltando é qualidade com a bola nos pés. Colocar a culpa no psicológico é algo muito simplista. Já estamos chegando no fim de março e o Atlético ainda não tem cara de time. Paulo Autuori tem apenas três jogos no comando do time, mas não se vê nada diferente em relação ao criticado trabalho do Cristóvão Borges. É preciso acordar para a temporada.
Carneiro Neto - Em parte, o Autuori tem razão. O Atlético não sabe se preparar emocionalmente para o clássico. Por isso, o Coxa tem vencido mais, porque trabalha melhor a parte psicológica. Mas o Autuori cometeu erros demais no jogo, errou na escalação, nas mexidas, na estratégia. O Atlético afunilou o jogo, não usou os lados do campo e acabou trancado na marcação. O Walter esteve boa parte do jogo perdido, sem uma função definida, então o técnico também tem culpa.
Edson Militão - Acho que cabe a desculpa. O Atlético, se você observar, exceto o jogo com o PSTC, estava há seis rodadas sem vencer, e a sequência muito grande de insucessos acaba abalando. Vejo um clube que está fora de foco no aspecto interno, talvez isso resida na condução do futebol do diretor Paulo Carneiro. Não seria o momento de rever essa condução? O Autuori não pode ser responsabilizado, está há pouco tempo para poder fazer a diferença de verdade. Mas se ele detectou esse problema, é porque ele existe, e não é de hoje.
Luiz Augusto Xavier - Não sei qual seria sido o significado dessa força mental, se é falta de vontade, de concentração. Nesse caso, se aplica ao Atlético. A equipe jogou no automático, parecia que não sentia a emoção e a vibração características de um jogo como esse. Se era esse o significado, de fato se aplica ao que estamos vendo do Atlético.
O Paraná é vitima das arbitragens do campeonato?
Adriano Ribeiro - O Paraná pode se considerar uma vítima no momento, mas no futuro poderá será favorecido. Infelizmente, é assim que funciona. As arbitragens continuam deixando a desejar. Mas não há um superesquema para tirar pontos do Tricolor. A reclamação, porém, é válida. Não dá para ficar quieto diante da sucessão de erros.
Carneiro Neto - O Paraná tem sido prejudicado, mas não dá para dizer que é algo orquestrado. As arbitragens não teriam por que prejudicar o Tricolor. Vejo que há uma série de coincidências e infelicidades, inexplicáveis e até inaceitáveis. Acho que o departamento de arbitragem da Federação Paranaense de Futebol tem de se explicar.
Edson Militão - Vendo esse último jogo, parece que sim. Foi demais contra o Foz. Chega um momento em que não dá mais para acreditar sempre nas boas intenções de todos. Pelo que aconteceu, foi muita coincidência, e eu não acredito em coincidências.
Luiz Augusto Xavier - Não dá para dizer que é vítima. É uma série de coincidências muito desagradáveis. Claro que houve interferência da arbitragem nos resultados, mas não acredito, e não dá para afirmar, que foi algo armado. É só coincidência.
O Operário depende de uma vitória e de tropeços de outros dois times para evitar o rebaixamento. O Fantasma cai?
Adriano Ribeiro - É provável que o Operário vença na rodada final, mas não vai escapar do rebaixamento. É um grande mico para o atual campeão. O time vai fazer falta na elite no ano que vem, mas está pegando pelos desentendimentos entre seus dirigentes fora de campo. Uma pena.
Carneiro Neto - A minha torcida é para que não caia. Além de ser o atual campeão, é um clube centenário, que tem uma torcida muito grande, tem um projeto viável, não é um clube de dono como outros por aí.
Edson Militão - Acho que o Operário está na UTI, entubado de todas as formas e à espera de que fechem o caixão. Deve cair sim, não tem condições de reverter o quadro porque, além de depender de resultados dos outros, não dá para dizer que tem alguém que ajude a decidir, que chame a responsabilidade, para fazer a diferença.
Luiz Augusto Xavier - A situação do Operário é complicada, apesar de ter dado uma respirada. Ter ganhado do Cascavel, lá, coloca a Serpente na briga pelo rebaixamento também e dá embalo ao time. Mas o time não engrenou desde o começo do ano, então não se sabe o que esperar do Fantasma. Pelo que representa de história, de tradição, seria bom que se salvasse. Mas a situação é complicada.
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