Alguns clubes do interior estão revoltados com a Federação Paranaense de Futebol (FPF). O motivo é a taxa de R$ 105 mil exigida para uma equipe se filiar à entidade. Sem pagar o valor, não é possível participar das competições estaduais.
“É uma vergonha, uma exigência desumana, surreal. Querem matar o futebol do estado”, reclama o empresário Murilo Araújo, que já foi dirigente do Marechal Cândido Rondon, Jacarezinho e Sport Club Paraná, de Formosa do Oeste – todos clubes não filiados.
Araújo destaca que a quantia cobrada pela FPF representa praticamente o gasto de um time do interior para todo um campeonato. “Onde vão arranjar um empresário que doe isso só para [o clube] se habilitar para a competição. E depois ainda vem as despesas [mensais]”, ressalta. “Em 2006, no Marechal, nós pedimos licença do Paranaense para terminarmos o centro de treinamento. Era uma coisa ou outra. Depois, quando tentamos voltar, era impossível”, acrescenta o empresário.
Por não estarem filiados, os clubes enfrentam outro problema grave: a dificuldade em ter categorias de base. Isso porque, para disputar os torneios estaduais de categorias inferiores e dar visibilidade às revelações, as equipes precisam – por exigência da FPF – estar em alguma disputa profissional, o que só é permitido aos filiados.
“Em 2009, uma enchente arrebentou o nosso campo e tivemos que nos retirar das competições. Agora não tem como voltar. Se a taxa fosse mais baixa, poderíamos inclusive reativar a base”, diz o presidente do Jacarezinho, Francisco Camilo.
O resultado é que, nesse ano, a Terceira Divisão do Estadual contou só com três equipes: Cascavel, Cambé e Grêmio Maringá. Na Segundona, foram nove times: PSTC, Paranavaí, Toledo, Apucarana, Cianorte, Pato Branco, Portuguesa Londrinense, Andraus e Batel. “Apenas 24 clubes profissionais [somando os 12 da Primeira Divisão] para todo o estado é um absurdo”, opina Araújo.
Via nota oficial, a Federação Paranaense, presidida por Hélio Cury, justificou o alto valor afirmando que procura “qualidade em seus filiados e não quantidade”. “Tivemos o exemplo da gestão anterior, em que haviam mais filiados, porém muitos estavam inadimplentes ou irregulares. Não queremos repetir os problemas que ocorreram. Para se fazer futebol profissional, como diz o nome, são necessários investimentos”, afirma o texto.
A entidade, por meio da assessoria de imprensa, ainda explicou que a taxa para o retorno de filiados licenciados é de R$ 20 mil. Porém, um clube pode ficar fora no máximo por dois anos. A partir disso, é considerado desfiliado.
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