O Atletiba com apenas uma única torcida não durou mais do que cinco horas. O acordo selado entre os dois clubes no começo da tarde de ontem, para que o clássico da próxima quarta-feira (22), na Vila Capa­­nema, recebesse apenas torcedores rubro-negros, não contou com o aval do Ministério Público (MP). Para o órgão, a presença de apenas um lado nas arquibancadas, além de ferir os direitos do torcedor, poderia incitar mais violência fora do estádio.

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De acordo com o Coritiba, a carga de cerca de mil ingressos começará a ser vendida na segunda-feira para os sócios do clube, apenas pela internet. No Atlético, que deverá ter nove mil bilhetes para seus associados, as entradas já estão disponíveis no site do rubro-negro. A aquisição também poderá ser feita entre hoje e quarta-feira, na Arena.

"Tentamos fazer a nossa parte. Não foi possível, pois o Ministério Público não concordou. Mas nesse aspecto foi positiva a atitude do Coritiba: demonstrou grandeza ao colaborar com o Atlético e se precaveu das complicações legais que poderia ter", afirmou o presidente do Alviverde, Vilson Ribeiro de Andrade.

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Para não perder o prazo, e mesmo após aceitar a sugestão do Atlético, o Coritiba fez o pedido dos 10% da carga total a que tem direito. Caso contrário, todos os bilhetes seriam automaticamente direcionados ao Furacão e o clube ficaria à mercê de implicações legais. Mas se o MP concordasse com a realização do jogo de apenas uma torcida, o Alviverde abriria mão de seus bilhetes. "Minha preocupação era essa [com o MP]. Como dizem, cautela e caldo de galinha não faz mal a ninguém", finalizou o dirigente coxa-branca.

Veto

Caso ocorra o clássico com apenas uma torcida, e dependendo do que aconteça no estádio ou fora dele, os dirigentes da dupla e a Federação Paranaense de Futebol (FPF) poderão ser acionados pelo MP. Por outro lado, se o Atlético desobedecer ao regulamento da competição e não ceder ingressos ao visitante, pelo Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBDJ) o clube poderá ser multado em até R$ 100 mil e seu dirigente suspenso.

Até o fechamento desta edição, o site oficial do Atlético ainda informava ao seu torcedor de que disponilizaria todos os ingressos para o rubro-negros. Porém, no fim da noite de sexta, o site atleticano soltou uma nota oficial pedindo concordância da FPF e do MP para manter o clássico de torcida única.

A ideia do clássico de apenas uma torcida partiu do presidente do Furacão, Mario Celso Petraglia. Como o clube alugará a Vila Capanema, o argumento utilizado pelo dirigente foi o de que, com apenas uma torcida, haveria mais segurança.

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"E quem garante que as torcidas não iriam se encontrar depois do jogo? Ou que haveriam tocaias dos torcedores que ficaram de fora? Se for assim, o próximo passo seria fazer o Atletiba de estádio vazio", criticou Pedro Bodê, coordenador do Núcleo de estudos da Violência da UFPR.

Esse também foi um dos entendimentos do promotor Ciro Ex­­pedito Scheraiber. Por e-mail, ele teria cobrado da FPF a garantia do torcedor –o pedido foi repassado aos dois clubes. A Polícia Militar, que antes da reunião já estava preparada para trabalhar em um clássico normal, deverá manter seu contingente em 420 homens para o jogo. "Vai todo mundo para o jogo. O MP diz que tem de vender os ingressos, co­­mo manda o regulamento. Se­­gue o baile", afirmou Amilton Stival, vice da FPF.