Operário pensa em pacote de dispensas
Diego Antonelli, especial para a Gazeta do Povo
A crise do Operário no ano em que celebra 100 anos de existência se agrava a cada jogo. Com apenas duas vitórias em 10 partidas no Campeonato Paranaense, o Fantasma se vê seriamente ameaçado pelo rebaixamento. O empate em 2 a 2 na última rodada, em casa, contra o lanterna Iraty, deve desencadear mudanças no elenco. Ontem, membros da diretoria e da comissão técnica estiveram reunidos e pretendem anunciar hoje a dispensa de alguns atletas. "Possivelmente, teremos a saída de alguns jogadores", afirma o presidente Carlos Roberto Iurk.
Criticada pelo próprio presidente, a defesa tende a ser o principal alvo das mudanças. Um dos nomes citados por Iurk é o do zagueiro João Paulo. "Não sei o que está acontecendo com ele. Está entregando o ouro. Temos que resolver essa questão", pontua. Para tentar contornar a situação, o time deve apresentar nos próximos dias o zagueiro Neguette, de 34 anos, que estava disputando a 2.ª Divisão do Campeonato Mineiro pelo Poços de Caldas. O atleta também acumula passagens pelo Paraná, Botafogo e Atlético Mineiro.
Apesar do momento caótico do time, na décima colocação, com oito pontos, a apenas três do Paranavaí, penúltimo colocado, o presidente descarta qualquer perigo de rebaixamento. "No futebol tudo é possível. Confio de um modo geral no grupo e no treinador. Ainda vamos lutar para figurar entre os primeiros e conseguir vaga na Série D do Brasileiro", acredita.
Porém, a pífia campanha deste ano é incapaz de depositar qualquer esperança nos torcedores. "Não será uma vitória que irá tirar o time dessa situação. Tem de mudar o elenco como um todo", ressalta Alexandre Hornung, presidente da torcida organizada Trem Fantasma. O ataque é outro setor que preocupa a torcida. "Os zagueiros não conseguem marcar e o ataque não faz gol. O Ícaro, por exemplo, prende demais a bola e acaba com as jogadas de ataque", critica.
Durante a semana, membros da torcida foram até o treinamento do time protestar. "Mas parece que não deu certo. Empatamos com o lanterna. Os grandes culpados são os diretores. Não estão aptos a serem dirigentes de um clube de futebol", enfatiza o presidente da torcida.
Um pupilo de Tite e Luiz Felipe Scolari tem despontado no Paranaense 2012. Paulo Turra, 38 anos, técnico do Cianorte, se considera um legítimo representante da escola gaúcha.
Com 38 anos (apenas quatro como treinador), ele está a uma vitória da final estadual. Líder do campeonato restando uma rodada para o fim do primeiro turno domingo enfrenta o Arapongas fora de casa , o ex-zagueiro não se deslumbra com a campanha, mesmo tendo recebido elogios até dos mestres.
Sua "diplomação" como atleta na cartilha gaúcha ocorreu em 2000, quando Turra, comandado por Tite, alcançou o título do Gauchão pelo Caxias, façanha responsável por colocar em evidência o nome do atual treinador campeão brasileiro. A campanha que desbancou a dupla Grenal também ajudou o ex-zagueiro a se transferir para o Palmeiras, onde completou sua formação sulista com o professor Luiz Felipe Scolari.
"Eu tenho a minha própria filosofia, mas até hoje eu falo com eles pelo menos uma vez por mês. São pessoas experientes, é bom ouvir a opinião. Eles dizem que estão felizes acompanhando o meu trabalho", admite Turra, citando ainda Muricy Ramalho, com quem fez um estágio como auxiliar-técnico em 2009, e Ademir dos Reis, sua influência quando era juniores.
Além de Palmeiras e Caxias, o ex-zagueiro passou por times como Botafogo e Avaí, onde encerrou a carreira em 2007. Já como treinador, o gaúcho de Caxias do Sul comandou Novo Hamburgo, Brusque e Brasil de Farroupilha. Agora, mesmo diante da destacada campanha do Leão do Vale, ele garante que nada mudou.
"Não faz diferença [a liderança]. A nossa conduta vai a ser a mesma", conta. "O futuro do treinador é o dia de amanhã, o próximo jogo. No Brasil, o técnico pode ir do céu ao inferno em 90 minutos. Não me iludo", assegura.
Para Turra, é cedo para projetar algum trabalho em um clube maior no futuro. "O planejamento do técnico é sempre o próximo dia", reitera, consciente de que tem conseguido bons resultados contra treinadores mais experientes em Paranaenses, como Lio Evaristo e Itamar Bernardes. "O futebol é mundial. Não é porque eles trabalham há mais tempo no estado que levam vantagem", diz.
RegulamentoContradição persegue o Leão
O Cianorte só depende de uma vitória sobre o Arapongas, domingo, para garantir o título do primeiro turno. Curiosamente, caso alcance a façanha o clube estará impedido de ser considerado o campeão do Interior.
Mesmo que vença a final da disputa, outra decisão terá as duas equipes de fora da capital com melhor campanha geral. E, ao vencedor, será dado o único prêmio financeiro do Estadual: R$ 50 mil. Ao Cianorte, restaria o troféu de campeão, ou, se for segundo, medalhas.
"Dinheiro é bom. Mas nossos objetivos vão além", afirma o presidente do clube, Marco Antônio Franzato. "Temos planos de nos transformarmos em empresa e um título ajudaria. O dinheiro viria em publicidade e outras ações."
Para o vice da Federação, Amilton Stival, a parte financeira pode vir antes. "Se vencer agora, já terá a vaga na Copa do Brasil. E poderá ganhar com a renda da final", analisa.
Esta poderá ser a segunda vez que contradições no regulamento prejudicam o Cianorte. Em 2011, o clube foi o campeão do interior ao vencer o Operário, mas não levou a vaga para a Copa do Brasil e Série D, que ficou com o Fantasma.
A culpa foi a falta de padrão nas regras. Os clubes que chegam à final são considerados o primeiro e o segundo na classificação. Não se leva a campanha em conta. No caso da final do interior, para definir o terceiro e quarto é o inverso: independe do resultado da decisão, é considerada a pontuação anterior.
Alcolumbre e Motta assumem comando do Congresso com discurso alinhado a antecessores
Hugo Motta defende que emendas recuperam autonomia do Parlamento contra “toma lá, dá cá” do governo
Testamos o viés do DeepSeek e de outras seis IAs com as mesmas perguntas; veja respostas
Cumprir meta fiscal não basta para baixar os juros
Deixe sua opinião