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Plano de sócios ajuda dupla Atletiba a driblar taxa da FPF
Robson Martins
O grande número de sócios de Atlético e Coritiba faz com que os borderôs das duas equipes neste Paranaense sempre tenham resultado final negativo. Resultado da nova política dos dois clubes em valorizar os associados, o que gera a impressão de um prejuízo maior do que o relatado.
Basta olhar o exemplo do último jogo do Coritiba, contra o Londrina, para entender a situação. Segundo o borderô divulgado ontem, a receita líquida o valor bruto menos as despesas do confronto foi de cerca de R$ 14 mil. Porém, se um dirigente for à bilheteria atrás deste dinheiro, não o encontrará, por causa dos sócios, que não pagaram na entrada. Assim, neste caso, o valor a receber no borderô aparece como R$ 104 mil negativos.
Independentemente de quanto cada sócio paga por mês, tanto o Furacão como o Alviverde registram R$ 10 por associado por jogo para contabilizar a receita bruta final.
Se fosse um clube que disputou o Estadual, a Federação Paranaense de Futebol (FPF) seria o segundo na lista dos maiores arrecadadores com bilheteria. Com R$ 608.049,20 recebidos, a entidade ficou atrás apenas do Londrina, que amealhou R$ 788.976,49. O Operário, segundo time de fato que mais ganhou, não recebeu nem a metade do que conseguiu a Federação o Fantasma captou R$ 286.447,65.
INFOGRÁFICO: Confira números de arrecadação do Paranaense 2013
À FPF cabe, limpo, 10% da receita bruta de cada partida do campeonato. Ou seja, garantiu seu quinhão em todas as 132 partidas, independentemente se a equipe mandante lucrou ou teve prejuízo com a venda de ingressos. Os donos da casa ficam incumbidos de despensas com arbitragem, seguranças, antidoping, locação de ambulâncias e ingressos, entre outros, onerando significante a receita.
Não à toa que, de acordo com os borderôs do Paranaense, 76 confrontos ou 57,5% fecharam no vermelho. A dupla Atletiba foi a que mais carregou déficits, muito por causa do quadro de sócios dos clubes (leia mais abaixo). O Atlético não viu dinheiro entrar em seus cofres em nenhuma partida que mandou, enquanto o Coritiba só teve lucro justamente na partida contra o rival.
Para Hélio Cury, presidente da FPF, a entidade precisa da taxa para poder se manter em funcionamento. "Como eu pago 30 funcionários, luz, água e telefone? De onde sai o dinheiro? Esse dinheiro tem de vir para a Federação poder trabalhar o futebol", ressaltou. "Com raras exceções de Federações que não são deficitárias, todas cobram. Temos de pagar as dívidas que as gestões anteriores deixaram", emendou.
O dirigente lembra também que a Federação costuma ajudar quando pode os filiados. "Nas últimas três rodadas, dos nove clubes considerados menores, a Federação pagou a taxa de arbitragem, um gasto no entorno de R$ 180 mil. Mas não precisamos contar isso para todo mundo", afirmou. Os borderôs das partidas citadas, contudo, não mostram que os gastos foram bancados pela FPF.
Do lado dos clubes, muitas reclamações. O presidente do rebaixado Paranavaí, Nivaldo Mazin, fala em "um conjunto de coisas que precisam ser revistas. "Do jeito que está, fica difícil para as equipes do interior. Os clubes, junto com a FPF, têm de procurar um patrocínio, para que a gente não tenha déficit."
O Vermelhinho teve um saldo devedor de R$ 17.195,85. Mazin diz que as despesas são, na verdade, muito maiores. "R$ 17 mil é só o que aparece no borderô, mas se analisar tudo, pode colocar, por baixo, mais R$ 6 mil por jogo."
O mandatário do ACP diz acreditar que o prejuízo acontece porque o Paranaense não é atrativo. "O torcedor não se encanta com o campeonato", resumiu.
Durante a disputa dos diferentes campeonatos nacionais, a FPF continuará recebendo uma parcela da renda bruta dos jogos nos quais os paranaenses forem mandantes. O valor, entretanto, cai para 5%.