Três meses foram suficientes para a Federação Paranaense de Futebol quitar as dívidas que fez com seus coirmãos quando precisou de dinheiro para evitar que o Pinheirão fosse a leilão, em outubro do ano passado. Mesmo com o campeonato estadual deficitário para os clubes, no curto espaço de tempo a entidade teria conseguido pagar o cerca de R$ 1 milhão que pegou em­­prestado das Federações do Rio Grande do Sul e Rio de Ja­­neiro. Esse montante foi apenas parte dos R$ 2,8 milhões pagos para resguardar o estádio.

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Na época do leilão, depois de conseguir apoio financeiro de investidores dispostos a comprar o imóvel futuramente, o presidente da FPF, Hélio Cury, virou a mesa. Pegou dinheiro emprestado e pagou, sozinho, a cobrança judicial – apenas uma entre vá­­rias em processos que têm o estádio como protagonista.

Agora, quem cobriu essa dívida, mesmo que indiretamente, foi a Chevrolet, empresa que dá nome ao Paranaense. Sem que, por cláusula de confidenciabilidade, ambos os lados revelem o valor do patrocínio master do campeonato, a cifra estaria próxima do necessário para "aliviar" a instituição da dívida – mas não a vida das agremiações filiadas.

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"O único patrocínio que não foi dividido com os clubes foi esse da Chevrolet. Ele foi para a gente pagar as contas mesmo. Teve a questão do leilão do ano passado, que conseguimos impedir, e que agora estamos pagando. Já pagamos grande parte", afirma Orlando Colaço, assessor da presidência da FPF. "Não foi usado o valor total [do patrocínio da Chevrolet], mas foi uma boa parte."

De acordo com os clubes do interior, a FPF enviou um ofício avisando que havia fechado com a multinacional a utilização do Naming Rights do Estadual – este ano se chama Paranaense Chevrolet. Algumas equipes imaginaram que, além de receber a verba da tevê e publicidade estática no gramado, seriam beneficiadas. Mas ao entrar em contato com a FPF receberam a notícia de que o dinheiro teria outro endereço.

"Pensei que vinha algo para nós, mas disseram que era para pagar as despesas. Nem dá para criticar, pois eles pegaram uma terra arrasada. Uma federação cheia de dívidas", afirma o presidente do Iraty, Geraldo Cam­­pagnoli.

Em média, de acordo com dirigentes, o valor recebido pelos clubes do interior, somando-se todas as verbas recebidas da FPF (principalmente tevê e placas de publicidade) chegaria a R$ 300 mil na competição.

Se o patrocínio da Chevrolet entrasse no rateio, essa cifra individual deveria crescer substancialmente, o que, ao menos em teoria, melhoraria o nível da competição. Já no caso da Federação, não é o suficiente para, em médio prazo, sanar a herança da Era Moura: mais de R$ 60 milhões em dívidas e processos.

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"Precisaríamos de uns 10, 15 anos [de patrocínio] para isso. O importante da Chevrolet não é tanto o dinheiro. Claro que estávamos precisando. Mas o principal ainda é recuperar a credibilidade no mer­­cado", conta Colaço.

Para os credores, a credibilidade veio mesmo com o pagamento rápido da dívida. "Já está tudo pago aqui. O Hélio agora só está me devendo um bom vinho chileno", afirmou Francisco No­­velletto, presidente da Federação Gaúcha de Futebol, que havia emprestado R$ 500 mil à FPF.

"Fui aí faz uns oito meses e me disseram que têm cerca 180 processos contra eles [a FPF]. Imagina que eu aqui tenho apenas um e já me incomoda..."