Atlético, Coritiba e Paraná iniciam a semana com focos diferentes e os colunistas da Gazeta opinam sobre a inauguração da grama sintética e a reestreia do atacante Walter no Furacão; a boa fase do Tricolor no Estadual; e a comemoração dos 50 anos de Dirceu Krüger no Coritiba, marcada pela inauguração de uma estátua do ídolo no Couto Pereira.
Grama sintética, Walter ou ingresso barato: o que está seduzindo mais o torcedor do Atlético para o jogo diante do Criciúma?
Carneiro Neto
Os três fatores têm apelo. A volta do Walter é algo que a torcida está esperando, a inauguração da grama sintética também, mas o mais forte acredito que seja o preço dos ingressos. Você só pode cobrar caro no ingresso, seja para o futebol, teatro, show, se o espetáculo for de ótimo nível. Normalmente, o time do Atlético é um espetáculo de baixo nível, por isso não há relação razoável no custo-beneficio do preço do ingresso atleticano normalmente. O time é fraco.
Edson Militão
As três coisas influenciam, mas principalmente o preço do ingresso. Se o valor fosse alto, mesmo com grama sintética e Walter, o público seria menor do que com o preço baixo, mesmo se não tivesse qualquer outro atrativo. O que afeta realmente o interesse do torcedor é o bolso. Acho que o Walter não chega a esse ponto ainda de ídolo, ainda não chegou lá. Ele soma como atrativo, assim como o piso sintético, mas as duas coisas não induzem os torcedores a ir ao estádio por si só. Com ingresso barato, lotava até contra as equipes mais fracas do interior.
Luiz Augusto Xavier
Acredito que o apelo seja a combinação dos três fatores. O que mais chama atenção, pela curiosidade do empreendimento, é a grama sintética. É motivo de orgulho para o torcedor dizer que viu de perto, que esteve presente e até como forma de engrandecer o sentimento, no sentido de que pode afirmar que seu estádio é bacana, tem uma novidade como essa. O Walter chama a atenção, mas não chega a ser uma novidade. E baixar o preço do ingresso acho que é uma medida inteligente, porque aliada aos outros dois fatores deve ajudar a lotar o estádio.
Existe o risco do Paraná se iludir com o bom início de Estadual e perder o foco na Série B?
Carneiro Neto
Acho que o Paraná está vivendo o dia a dia. É um clube que tem muitas dificuldades, é só ver a comemoração pelo dinheiro que entrou na conta do clube pela venda do zagueiro Luiz Felipe. Foi uma verdadeira festa na Vila Capanema porque é uma garantia de conseguir manter os salários em dia. O Paraná tem que curtir o momento, a hora da Série B vai chegar, tem ainda a Copa do Brasil antes,então acho que o Paraná precisa seguir vivendo o bom momento e se puder sorrir todos os dias, melhor.
Edson Militão
É um alerta que precisa se fazer para não achar que o time já é ideal. Pensar no título Paranaense é importante, porque dá ânimo, mas precisa manter os pés no chão porque isso não é algo que vai garantir as aspirações do clube mais para frente. É um bom começo, mas para a Série B você precisa ter elenco. Você precisa dobrar o time que o Paraná tem hoje. No Estadual são 11 rodadas, masi o mata-mata, já no nacional são 38, são adversários mais difíceis e você precisa de um time bem formados. O Paraná tem que qualificar o grupo com bons jogadores para pensar em subir.
Luiz Augusto Xavier
Não. O Paraná vai passar pela verdadeira prova de fogo nos próximos três jogos, diante do Londrina e dos clássicos. Esse deve ser o termômetro para saber realmente em que ponto está o time, suas reais condições técnicas para encarar o restante da temporada, principalmente pensando na Série B.
Qual a mensagem que a torcida do Coritiba passa ao homenagear Dirceu Krüger?
Carneiro Neto
O Krüger merece toda e qualquer homenagem. E é evidente que isso simboliza, de alguma maneira, uma homenagem a todos os ídolos que fizeram a grandeza do Coritiba. Ele é a figura que personaliza toda uma história, mas nela está implícita uma reverência a todos que marcaram gerações, a dele e passadas também, que deram tantas alegrias e títulos ao clube.
Edson Militão
Todo clube, todo torcedor, se espelha em um ídolo. O Coritiba faz hoje algo como o Manchester United faz na Inglaterra há algum tempo: eterniza seus ídolos, com nomes dos campeões na fachada do estádio. É importantíssimo sacramentar a figura do ídolo. O Coxa já deveria ter feito isso para vários outros jogadores além do Krüger, desde o Hidalgo, Zé Roberto, Tião Abatiá, todos esses mereciam ter estátua. A mensagem da torcida é por aquilo que hoje não existe no futebol brasileiro, da figura que se mantém no time. O Krüger lembra essa época romântica, em que os grandes jogadores vestiam uma só camisa a vida toda. É uma homenagem muito bacana e uma simbologia do que deveriamos ter mais.
Luiz Augusto Xavier
A mensagem é justamente aquilo que o torcedor sente falta hoje, a fidelização de seus ídolos, de jogadores que têm identidade com o clube, que passam a vida toda nele mesmo após a aposentadoria. É algo comum na Europa. Você vê pessoas como o Beckenbauer, do Baresi, do Zidane mais recentemente, são pessoas que dedicaram a vida a uma camisa. Por conta de como está o futebol brasileiro hoje, é algo que você vê cada vez menos acontecer.