Palco do segundo jogo do Atlético no Torneio da Morte, o Estádio Erich Georg recebeu, em 2006, um campeão mundial à frente do time rubro-negro. Foi em Rolândia, distante 394 quilômetros de Curitiba, que o alemão Lothar Matthäus pisou pela primeira vez na terra vermelha do interior paranaense. Após dois jogos na Arena da Baixada, o capitão do tricampeonato mundial da Alemanha, em 1990, treinou o Furacão contra o Nacional, pelo Campeonato Paranaense, no dia 12 de fevereiro de 2006.
Festa em Rolândia para o filho ilustre
A estreia de Lothar Matthäus fora de Curitiba não poderia ter lugar melhor para acontecer. Fundada por alemães, em 1932, Rolândia receberá o filho ilustre de braços abertos e, naturalmente, copos cheios de cerveja neste domingo.
Leia a matéria completaA cidade preparou uma homenagem ao filho ilustre da Alemanha. Fanfarra, placa, balões e faixas para recepcionar Matthäus. Alertado da festa preparada para ele, o alemão não soube o que fazer.
“Ele não entendia aquilo. Disse que tinha uma preleção para fazer. Ficou irritado. Aí o assessor do clube na época tentou contornar a situação, explicar para o pessoal. Eles ficaram decepcionados. Estava difícil de convencer o homem. Ele entrou com o time em campo, recebeu rápidas homenagens e admitiu que ficou muito constrangido com tudo aquilo”, relembra João Augusto Fleury da Rocha, então presidente do Conselho Gestor do Atlético.
Bem-vindo ao futebol brasileiro
Assim como o técnico (que fala italiano e inglês, fora o alemão), o piso também é “poliglota”. Onde a bola vai rolar já foram plantadas espécies de grama de todas as partes do mundo
Leia a matéria completaO constrangimento tem a ver com uma exigência de Matthäus ao chegar ao CT do Caju: ser tratado como um treinador comum, de preferência como iniciante.
“Era uma figura singular. Ele não é uma celebridade qualquer do esporte. O Lothar levantou a taça. Tá em outra categoria. É diferenciado. Mas no primeiro contato que tivemos, refutou o rótulo de celebridade e queria ser tratado como um igual”, lembra Fleury.
Homenagem não empolga
Assim que se aproximou do vestiário Rubro-Negro, o grupo folclórico responsável por entregar uma placa a Matthäus foi vaiado pelos torcedores e acusado de “puxa-sacos”
Leia a matéria completaAcostumado aos padrões alemães de disciplina, não gostava de atrasos (era rígido com horários, tanto que afastou um jogador por atraso) e não tolerava desvios de conduta.
“Eu encontrava com ele após os jogos para falar sobre o desempenho do time e ele batia no relógio e dizia: ‘Press conference, press conference’ (coletiva de imprensa)”, conta o dirigente, que garante não ter havido um choque de realidade tão grande no acanhado Erich Georg.
“Apesar do estádio pequeno, as pessoas eram ordeiras, de origem germânica. Muito educadas. Não foi como uma vez em que o Leão era nosso técnico e chegou a brigar com um torcedor em Guarapuava. O Lothar já tinha trabalhado no futebol africano então conheceu realidades diferentes daquela que tinha na Alemanha.”
A Gazeta do Povo acompanhou in loco a primeira incursão de Lothar Matthäus pelo interior do Paraná. Uma amostra real do futebol brasileiro, do qual a estrutura de primeiro mundo do Atlético já destoava quase uma década atrás. Relembre a cobertura nos textos e fotos de André Pugliesi e Albari Rosa.
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