Paraná realiza jogo-treino para testar elenco
Após 77 dias de "repouso forçado", o Paraná volta aos campos hoje de manhã, às 9h30, na Vila Capanema. O jogo-treino contra um combinado de jogadores desempregados, que costumam realizar os treinamentos no Parque Barigiui, será o primeiro teste paranista sob o comando do técnico Ricardinho.
O elenco tricolor se preparou a semana inteira para o confronto, que não será aberto à imprensa ou torcedores. No entanto, apenas ontem o treinador fez um treino coletivo e esboçou a equipe que deve começar a atividade contra o time do preparador físico Cléverson Fratoni, da COF Sports.
A principal surpresa foi a escolha do goleiro Luis Carlos, ao invés de Thiago Rodrigues, e as presenças de Daivis e Aymen no ataque. Do elenco do ano passado, apenas cinco jogadores devem começar entre os titulares. Além de Luis Carlos, os laterais Lisa e Henrique, e os meias Bruninho e Packer. São os mais experientes em um time formado majoritariamente por atletas novos. "Iniciamos o ano com esses jovens porque acredito neles. No momento certo, vamos agregar jogadores mais experientes", explicou Ricardinho.
A chegada de Ricardinho ao Paraná não alterou apenas a rotina dos jogadores. Fora de campo, o novo comandante promete profissionalizar o departamento de futebol do Tricolor. Junto com o gerente de futebol Alex Brasil, o treinador, mesmo com pouco tempo de trabalho, já deu demonstrações de que a relação do clube com os empresários sofrerá alterações.
Uma das principais regras da nova cartilha criada pela dupla fala em diminuir o acesso livre que os agentes, por anos, costumavam ter aos bastidores da Vila Capanema. A partir de agora, os representantes dos jogadores só poderão acompanhar os treinamentos nos dias em que houver janela para a imprensa, normalmente três vezes por semana.
Maior parceiro do Tricolor em 2011, o empresário Marcos Amaral foi quem mais sentiu a mudança de filosofia. No ano passado, a empresa dele, a Amaral Sports, contava com dez atletas no elenco do time que disputou a Série B do Brasileiro. Amaral, inclusive, chegou a ajudar financeiramente o clube, pagando o salário de alguns atletas. Segundo ele, a empresa também emprestou dinheiro ao Paraná.
Neste ano, contudo, o agente perdeu espaço. Dos seis reforços contratados até o momento, nenhum deles é representado pela Amaral Sports, que cuida dos interesses apenas do lateral-direito Lisa e do zagueiro Alisson no Paraná 2012.
Apesar das evidências, Amaral diz não acreditar ter perdido influência. "Ainda estamos na fase de adaptação. Na diretoria anterior eu tinha uma liberdade maior com o Aramis Tissot [vice-presidente], o Guto de Mello [diretor de futebol] e o Aquilino Romani [presidente]. Agora está diferente, mas não quer dizer que esteja melhor ou pior", afirmou.
A diretoria paranista, por sua vez, garante que a Amaral Sports continuará ajudando o clube na aquisição de novos atletas, mas ressalta que pretende evitar que situações como a saída do volante Júnior Urso que deixou a equipe no meio da Segundona de 2011 e foi para o Avaí sem nenhum ressarcimento financeiro para o Paraná ocorram novamente o jogador, atualmente no Coritiba, tem ligação com a L.A. Sports, que por muito tempo teve uma parceria estreita com o Tricolor.
"Antigamente os empresários traziam o produto e nós éramos utilizados como uma espécie de vitrine. Agora queremos um tratamento mais profissional, que deixem frutos para o clube", explicou Celso Bittencourt, superintendente-geral do Paraná.
Recado, segundo ele, que não serve para Marcos Amaral. "Vamos continuar com o Amaral. O que queremos é diminuir os intermediários para baixar o custo", cravou Bittencourt.
EstruturaDupla é responsável por montagem do plantel
A reestruturação do departamento de futebol, prometida pela nova diretoria, teve como primeiro passo o aumento da autonomia do gerente de futebol, Alex Brasil, nas negociações, e a participação de Ricardinho nos contatos iniciais com os clubes e os atletas.
O zagueiro André Vinícius e o atacante Elias, por exemplo, desembarcaram na Vila Capanema graças à amizade entre o treinador e o gerente corintiano, Edu Gaspar que jogaram juntos no Timão. Os dois foram formados nas categorias de base do Parque São Jorge e foram indicados pelo cartola alvinegro ao amigo Ricardinho.
A amizade do pentacampeão mundial durante a carreira como jogador também proporcionou a contratação do zagueiro Alex Bruno, campeão Mundial de Clubes pelo São Paulo, em 2005. O volante Lucas, que veio do Juventus-SP, foi indicado pelo comandante paranista, que assistiu ao DVD do jogador e gostou do posicionamento do camisa 8 dentro de campo.
A primeira contratação indicada diretamente por Alex Brasil foi o atacante Nílson, ex-Vasco. Segundo o próprio atleta, o gerente o conhecia desde os 15 anos, o que facilitou a transferência do clube cruz-maltino para a Vila Capanema.
O zagueiro Alisson foi o único que não passou pelo crivo de Ricardinho e de Alex Brasil. O jogador foi contratado em dezembro, antes da chegada da dupla, e foi o último jogador, pelo menos por enquanto, com influência do empresário Marcos Amaral.
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