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| Foto: Rodolfo Buhrer/arquivo Gazeta do Povo

Contestada por jogadores, técnicos e dirigentes, a arbitragem paranaense inicia sua prova de fogo neste domingo (3), com os quatro duelos de ida das quartas de final. O clima é de tensão e silêncio.

Após críticas públicas de Atlético, Coritiba, Paraná e Londrina, apitadores e bandeirinhas entram na etapa decisiva sem o direito de errar.

Durante a primeira fase, em decisão tomada pela Comissão de Arbitragem da Federação Paranaense de Futebol (FPF), quatro auxiliares foram afastados por equívocos.

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As punições aumentaram a pressão nos ‘homens de preto’ e trouxeram desconforto à Associação Profissional dos Árbitros de Futebol do Paraná (Apaf-PR). A entidade de classe criticou a exposição daqueles que foram à geladeira. Mas evitou bater de frente com o comando da arbitragem na FPF.

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Procurado pela Gazeta do Povo na tarde de quinta-feira (31), o presidente da Comissão, Afonso Vítor de Oliveira, afirmou estar ocupado com o sorteio dos árbitros para a rodada e pediu para ser entrevistado no final do dia. A partir de então, tanto na quinta como na sexta-feira (1.º), o dirigente, único membro da atual diretoria da FPF remanescente da ‘era Onaireves Moura’, não atendeu aos inúmeros pedidos da reportagem.

Já o outro membro da Comissão, Anderson Carlos Gonçalves, argumentou que não poderia conversar sobre o assunto se Oliveira não se manifestasse antes. Na sequência, via assessoria de imprensa, a FPF decretou que ninguém “falará sobre arbitragem até o final da competição”.

No dia 1.º de março, após os dois primeiros afastamentos por causa de erros na 7.ª rodada, a Apaf publicou nota oficial reconhecendo o direito da Comissão de afastar profissionais, mas rechaçando a forma “desnecessária e descabida” como as sanções foram expostas ao público.

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Já no dia 23 de março, após mais dois afastamentos de auxiliares por causa de erros na 9.ª e 10.ª rodadas, a Apaf divulgou nova nota, desta vez condenando a suposta “execração pública”.

O presidente da Apaf, o árbitro Adriano Milczvski desabafa. “Ninguém ajuda: clubes, imprensa, jogadores. Ninguém conhece nada de arbitragem e só criticam”, reclama . “Os árbitros que estarão em campo a partir de domingo são experientes. Não entrarão pressionados até porque sabemos que punições existem e fazem parte da nossa função que, infelizmente, não permite erros”.

Vice-presidente da entidade, o ex-árbitro Antônio Denival de Moraes reforça as críticas sobre a exposição excessiva dos erros de arbitragem mas, ao contrário de Milczvski, reconhece o temor sobre possíveis erros no mata-mata, diante da política adotada.

“É a nossa grande preocupação, temos conversado bastante com os árbitros”, admite. “Estamos rezando muito para não haver mais erros. Estamos tentando ao máximo dar um aparato profissional, mas a arbitragem é hoje o setor menos profissionalizado do esporte”, analisa.

Reclamação dos clubes

Na primeira fase, o técnico do Paraná, Claudinei Oliveira, afirmou após o empate por 3 a 3 com o Foz que “sonha com a profissionalização da arbitragem, porque daí o árbitro erra e na semana seguinte está demitido”. Após o mesmo jogo, o diretor de futebol Durval Lara Ribeiro reforçou: “os árbitros de hoje são mal preparados fisicamente. Não adianta ficar de amizade com a FPF se eles não tomam atitude nenhuma”.

Já o técnico Gilson Kleina, do Coritiba, disparou após a derrota por 2 a 1 para o PSTC: “Eu tenho culpa, mas a arbitragem também tem sua parcela. Vou falar com a diretoria”. Por fim, o diretor de futebol do Atlético, Paulo Carneiro, reprovou os árbitros após o empate por 1 a 1 com o Londrina. “Por isso que o Atlético passou anos sem disputar o Estadual com seu time principal. O que vemos é uma repetição dos erros”, cobrou.

Tal cenário repercute nacionalmente. Em 2015, por exemplo, somente três árbitros ligados à FPF apitaram na Série A – total de nove jogos apenas. Já entre os auxiliares, apenas seis trabalharam na elite, acumulando o total de 42 partidas. Número puxado por Bruno Boschilla, que bandeirou em 22 oportunidades.

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Os afastados

A reportagem tentou contato com os quatro auxiliares afastados pela Comissão de Arbitragem da FPF neste Estadual. O auxiliar Luiz Henrique de Souza Renesto, afastado na 7.ª rodada, chegou a marcar horário para a entrevista, mas não foi mais encontrado. Já Marcos Rogério da Silva, também afastado na 7.ª rodada, afirmou que estava ocupado para conversar e, na sequência, não atendeu mais aos chamados.

Afastado na 9.ª rodada, Everson de Souza garantiu que a Comissão não proíbe os auxiliares de darem entrevistas, mas, mesmo assim, optou por não opinar. Leandro Luiz Zeni, afastado na 10.ª rodada, não foi encontrado. Após os afastamentos, o quatro auxiliares não passaram por nenhum curso de reciclagem promovido pela Comissão de Arbitragem. “Tivemos apenas uma conversa”, revelou um dos afastados.

Diretor da Escola Paranaense de Árbitros, o ex-assistente José Carlos Dias Passos explica que, nestes casos de afastamento, a Comissão de Arbitragem faz um trabalho psicológico com os profissionais punidos. “São chamados para conversar, definir o porquê dos erros”, explica. Além disso, Passos acredita que os afastamentos da primeira fase trarão confiança para a arbitragem no mata-mata. “Os profissionais vão ficar mais concentrados para não errar, porque sabem que poderão ser punidos”, raciocina.

Veja o histórico de afastamentos em 2016:

Luiz Henrique de Souza Renesto

7ª Rodada – Foz do Iguaçu 1 x 0 Londrina

Aos 48 minutos do segundo tempo, Bruno Batata, do Londrina, aproveitou o rebote de um chute de bicicleta de Netinho no travessão e cabeceou para o gol em posição legal. O lance, no entanto, foi anulado equivocadamente por impedimento.

Marcos Rogério da Silva

7ª Rodada – PSTC 2 x 1 Coritiba

Aos 36 minutos do primeiro tempo, Amaral, do Coxa, chutou da intermediária, a bola explodiu no travessão e entrou. O assistente , entretanto, deixou o lance seguir. No rebote, Leandro cabeceou para o gol em posição legal, mas foi marcado impedimento.

Everson de Souza

9ª Rodada – Operário 0 x 1 Londrina

Aos 2 minutos do segundo tempo, após uma falta alçada na área do Operário, um desvio de cabeça do ataque do Londrina encontrou Sílvio na entrada da pequena área em posição de impedimento. O lance seguiu normalmente com uma defesa do goleiro adversário e uma bola na trave, que sobrou para o próprio Sílvio completar para o gol vazio.

Leandro Luiz Zeni

10ª Rodada – Foz do Iguaçu 3 x 3 Paraná Clube

Aos 3 minutos do segundo tempo, o Foz virou o jogo num lance de bola levantada na área que encontrou Safirinha em posição de impedimento, um pouco à frente do penúltimo defensor paranista. Em posição ilegal, o atleta do Foz cabeceou e fez o terceiro gol de sua equipe.

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