Paraná cobra da PM proteção a avulsos
Incomodado com a decisão de jogar o clássico contra o Atlético no Janguito Malucelli, domingo, o Paraná quer garantir que os seus torcedores tenham segurança. Entre outras medidas, o clube pede proteção da Polícia Militar especialmente na chegada ao estádio para evitar conflitos com a torcida adversária.
"No ano passado, a PM deixou bem claro que daria segurança apenas para quem fosse com a torcida organizada. Para nós, isso não basta, já que teremos o nosso torcedor que vai avulso, de ônibus, ou de carro com a família. Ele corre riscos", explica o superintendente Celso Bittencourt.
Segundo o inspetor Anthony Nascimento, chefe da Delegacia Metropolitana da Polícia Rodoviária Federal, responsável por fiscalizar o trânsito no trecho da BR-277 em que está a praça esportiva, é complicado organizar o esquema de segurança em função dos torcedores "avulsos". "Fica difícil buscar garantias para esse torcedor. Da forma que foi feito no último clássico, com uma torcida entrando depois da outra, em comboio, funcionou, mas para esse torcedor que vem sozinho fica mais difícil", reitera o policial. "Não posso recomendar não ir, mas entendo que não há segurança total", enfatiza Nascimento.
Não foi desta vez que Atlético, Coritiba e Paraná conseguiram entrar em consenso. Na discussão sobre o local dos clássicos no Estadual, o Couto Pereira foi cogitado, com a anuência do trio, para receber os seis confrontos. Na hora do acerto final, entretanto, segundo rubro-negros e paranistas, a acomodação dos sócios-torcedores do Coritiba inviabilizou tudo.
A primeira consequência do desacerto é que a partida entre Atlético e Paraná, no domingo, às 17 horas, ficou mesmo para o Janguito Malucelli para a preocupação dos tricolores, que consideram inseguro o estádio à margem da BR-277 (ver abaixo). E quanto aos demais embates entre os times, nada foi definido.
Os clubes estavam em negociação com a Federação Paranaense de Futebol (FPF) há mais de uma semana e ontem tiveram uma reunião na sede da entidade. "É uma pena, que num último momento, em um detalhe, o acordo não deu certo. Fizemos nossa parte", lamentou o presidente da FPF, Hélio Cury.
Atlético e Paraná deixaram o encontro reclamando da mesma questão. A dupla alegou que topou as exigência do Coxa. Aceitando, inclusive, que os alviverdes ocupassem toda a reta da Mauá. Assim sendo, rubro-negros e tricolores seriam acomodados apenas nos três anéis da curva de fundos do estádio.
Mas não concordaram que os sócios coritibanos não pagassem ingressos em nenhuma das partidas, mesmo quando fossem visitantes no Alto da Glória.
"O Coritiba falou que nós não poderíamos usar a Mauá, mesmo sendo nosso o mando de campo, porque é um espaço para o sócio-torcedor. Quando nós questionamos isso, eles falaram que nenhum torcedor deles iria pagar o valor do ingresso de visitante, que todos entrariam como sócios", contou Celso Bittencourt, superintendente do Paraná.
Diante da inviabilidade, o paranista chegou a sugerir a Vila Capanema como "casa" rubro-negra no Atletiba do 2.º turno (21/4), desde que o clássico de domingo fosse no Couto. Mas a ideia não foi aceita pelo representante coxa, o superintendente José Rodolfo Leite.
O Furacão se manifestou através de uma nota oficial. "O Coritiba seria beneficiado em utilizar seu estádio em todos os clássicos, receberia o valor do aluguel e ainda a gratuidade para seus associados mesmo não sendo o mandante do jogo. Após mais uma negociação frustrada com o Coritiba, o Atlético questiona qual é o verdadeiro clube intransigente do futebol paranaense?".
Ontem à noite, o presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade, criticou os rivais. "Meu representante no encontro disse que o Paraná quis prejudicar o Coritiba, pois não aceitou a proposta por ter menos sócios".
E seguiu: "Um time forte, com Alex, Botinelli, entre outros, não vai entregar o estádio sem nenhum privilégio."
Apesar da trocas de farpas, Cury diz acreditar em um acordo. "Espero que o bom senso permaneça".