As taxas cobradas pela Federação Paranaense de Futebol (FPF) em cima de cada borderô levaram o Toledo a ameaçar tomar uma medida extrema. O único representante da região Oeste no Estadual ameaça cobrar ingresso simbólico no segundo turno da competição para reduzir o valor repassado à entidade.
"Os clubes do interior estão trabalhando para sustentar a Federação e a arbitragem. Vou fazer jogos de portões abertos, fechar os portões, faço ingresso de R$ 1. Não tenho mais dinheiro para gastar", desabafou Irno Picinini, presidente e sócio do Toledo.
Picinini diz falar em nome também de Paranavaí, Nacional, Cianorte e Arapongas, todos insatisfeitos com as taxas cobradas pela FPF. O Cianorte ameaçou fechar as portas, algo que o Arapongas anunciou para o fim da competição. O Toledo não descarta chegar a esse extremo. "É uma coisa ridícula, mas estamos caminhando para o mesmo rumo", diz.
Picinini enviou nesta segunda-feira ofício ao presidente da Federação, Hélio Cury, pedindo uma reunião para tratar do assunto. Anexou à solicitação uma cópia do borderô do jogo de domingo, contra o J. Malucelli. A renda bruta de R$ 12.410,00 transformou-se em um prejuízo de R$ 2.070,10 após os descontos. O grosso dos abatimentos - R$ 8,8 mil - refere-se à arbitragem e quadro da FPF. Na soma dos cinco jogos como mandante, o Porco teve um lucro de apenas R$ 26,7 mil com bilheteria.
Até a tarde desta segunda-feira, o presidente toledense não havia conseguido falar com Cury.
"Ele não responde, não quer ajudar os clubes do interior. Prometeu vender as placas de patrocínio e não conseguiu. Um prejuízo de R$ 130 mil que furou o caixa dos clubes. Arrecadou dois anos de patrocínio com a Chevrolet e não bonificou os clubes", criticou o dirigente, que cobra da FPF a isenção das taxas de arbitragem.
Na semana passada, Cury disse à Gazeta do Povo que a pendência jurídica envolvendo o dinheiro do leilão do Pinheirão inviabiliza o caixa da FPF. O dirigente pretende, dentro de seis meses, liberar o valor, estimado em R$ 59 milhões, para pagar as dívidas da entidade. Com as finanças equilibradas, ele pretende isentar os clubes pelo menos das taxas de arbitragem.
Picinini parece pouco disposto a esperar tanto tempo. Ele quer uma posição da Federação até quinta-feira antes de decidir o que fará quanto aos ingressos da partida do fim de semana, contra o Londrina. O regulamento do estadual, assinado por todos os clubes, proíbe jogos de portões fechados sem ser por determinação da Justiça Desportiva e de entrada franca.