A fórmula do Campeonato Paranaense 2014 pode ser considerada simples: doze clubes se enfrentaram em turno único, com os oito melhores avançando para as quartas de final. Se por um lado a escolha evitou aberrações como o supermando, motivo de piadas e inúmeras reclamações entre 2009 e 2010, também trouxe um enorme problema para os piores da competição: o Torneio da Morte.
Disputado paralelamente por Arapongas, Cianorte, Operário e Toledo, o quadrangular se tornou um verdadeiro martírio para as equipes, que lutam contra rendas cada vez menores e o desinteresse do público. Em três rodadas, o maior público registrado foi no confronto entre Arapongas e Toledo 1.247 pessoas pagaram para acompanhar a partida no Estádio José Chiappin. Além disso, apenas dois jogos não registraram déficit para os mandantes (Operário x Arapongas e Toledo x Operário).
Entre os dirigentes o desânimo é evidente. "Neste ano, com o calendário mais enxuto, perdemos patrocinadores, algumas pessoas que sempre apoiavam o projeto acabaram abandonando ou reduzindo o valor repassado", conta Fernando Leite, diretor de futebol do Arapongas.
"Não esperávamos estar nessa disputa, mas quando o quadrangular acabar devemos avaliar se a cidade está imbuída em ajudar, porque o campeonato termina e o rombo fica", completa Fernando, que adianta que disputar a Segunda divisão estadual é algo que o Arapongas evita cogitar. "Por menor que sejam nossas cotas de televisão ao menos é algo. Caindo, nas condições que trabalhamos hoje, acho extremamente difícil que o Arapongas consiga manter as atividades."
Já Laurival Pontarollo, presidente do Operário, direciona as críticas à FPF. "Não haveria problemas em disputar o quadrangular se tivéssemos calendário no restante do ano. Que fosse criado um campeonato paralelo, sem os clubes da capital, movimentando as cidades e criando rivalidades regionais", explica. "Hoje dependemos constantemente de ajuda dos empresários da cidade e colocamos dinheiro do próprio bolso. O prejuízo tem sido enorme."
As quatro equipes que lutam pela sobrevivência no Paranaense sentem a diferença no caixa quando comparam a situação atual com a participação na primeira fase da competição. O Fantasma de Ponta Grossa, durante as seis partidas em que atuou no Germano Krüger, levou uma média de 2.200 torcedores e obteve uma renda líquida de pouco mais R$ 20,5 mil por jogo. Por outro lado, no quadrangular da morte, o público pagante despencou pela metade; média de 1.488 torcedores e um saldo negativo de um déficit médio de R$ 843,90 por partida.
"Não vale a pena, o campeonato em si já é deficitário, agora esse Torneio da Morte é absurdo. A Federação precisa fazer algo, não posso montar uma equipe para três meses e depois mandar todo mundo embora", diz Pontarollo.
A situação do Toledo é semelhante: apenas 976 pagantes no confronto contra o Fantasma e um lucro de R$ 643 para a equipe do Oeste.
Arapongas e Cianorte enfrentam situação ainda mais crítica: no duelo entre as duas equipes há uma semana, apenas 530 pagantes e um prejuízo próximo a R$ 8 mil para a equipe da casa. Já o Cianorte, na primeira rodada, levou 359 pagantes ao Albino Turbay e registrou prejuízo de mais de R$ 3 mil.
"Honestamente ,Cianorte sempre teve problemas com o público. Sei que no passado chegamos a levar 3, 4 mil torcedores ao estádio, mas nos últimos anos os números têm caído vertiginosamente", pondera Adir Kist, gerente de futebol da equipe. "Creio que a cidade hoje espere campanhas que não temos estrutura para alcançar. Um eventual rebaixamento seria trágico, mas talvez, caso ele aconteça, Cianorte abrace o time novamente e possa acontecer algo semelhante ao que ocorreu com Maringá", conclui.
Hoje, às 16 horas, o purgatório entra no segundo e decisivo turno. Em Toledo, o time da casa (com 6 pontos) encara o Arapongas (também 6). No mesmo horário, o Cianorte (sem pontuar) recebe o Operário (6). Restando três jogos, os dois últimos colocados serão rebaixados.
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