Dunga disse ao jornal Zero Hora que ‘não sabe de nada’ sobre o seu retorno à seleção| Foto: Ricardo Duarte/ Agência RBS/ Folhapress

Histórico

Ex-jogador colecionou encrencas e desafetos

A passagem anterior de Dunga pela seleção foi marcada por muitas polêmicas, brigas e bate-bocas. A renovação tão pretendida após o fracasso na Copa de 2006 não ocorreu. Jovens talentos como Neymar e Ganso, por exemplo, nem sequer foram testados antes do Mundial de 2010. Por outro lado, Dunga cortou privilégios, afastou jogadores polêmicos e arranjou encrencas. Em junho de 2008, em um 0 a 0 com a Argentina, no Mineirão, pelas Eliminatórias, foi chamado de "jumento" pela torcida, que pediu a sua demissão. Para piorar, Ricardo Teixeira anunciou no intervalo da partida estar convocando Ronaldinho Gaúcho para a Olimpíada de Pequim. Dunga teve de aturar o meia nos Jogos – não queria levá-lo. Ronaldinho pouco fez e o Brasil foi bronze. Na Copa, fechou a seleção, xingou o jornalista Alex Escobar, da TV Globo, e depois atacou Cruyff – o holandês disse que não pagaria para ver o Brasil jogar. "Ele deve ter ingressos de graça da Fifa e por isso não paga", retrucou.

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A provável escolha de Dunga para substituir Luiz Felipe Scolari na Seleção Brasileira – a CBF confirma hoje, às 11 horas, a contratação do capitão da equipe campeã mundial de 1994 – é, em parte, uma estratégia para tentar blindar a cúpula da entidade. O estilo "bateu-levou" de Dunga e sua disposição para o confronto com os críticos podem servir de escudo para os principais dirigentes da entidade.

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"A CBF usou o Gilmar Rinaldi (nomeado coordenador geral de seleções) para chegar ao Dunga. Todo mundo sabe que o Dunga não deixa nada nem ninguém sem resposta. Marin e Marco Polo Del Nero (futuro presidente) acreditam que isso pode desviar um pouco o foco das investigações que o Congresso quer reavivar na entidade", disse Marco Antonio Teixeira, ex-secretário geral da CBF.

Um amigo de José Maria Marin, presidente da entidade máximo do futebol brasileiro, contou que na semana passada, logo depois da definição sobre Gilmar Rinaldi, a entidade trabalhou com a hipótese de convidar Leonardo, também campeão em 1994, para ocupar o cargo de treinador. O nome do ex-atleta esteve na agenda de Marin e Del Nero, mas não se consolidou por causa de seu perfil, considerado "brando" demais.

Gilmar teria ratificado a indicação de Dunga e enfatizado algumas qualidades e características do amigo: competente, líder, disciplinador e também preparado para confrontos. Os dois se conheceram nos anos 80, quando atuaram pelo Internacional.

Um presidente de uma influente federação estadual de futebol, que fez oposição no ano passado a Marin e Marco Polo del Nero, lembra que Felipão afirmou que iria até o inferno para proteger seus jogadores. "Dunga faria o mesmo e mais um pouco: defenderia seus atletas e também a CBF. É um acordo tácito", resumiu.

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Ontem, Dunga foi abordado pelo jornal gaúcho Zero Hora quando chegava a sua casa, em Porto Alegre, e evitou confirmar o vínculo com a CBF. "Não sei de nada", declarou, sobre a sua volta à seleção – ele comandou o Brasil no Mundial de 2010, no qual o time acabou eliminado nas quartas de final ao perder por 2 a 1 para a Holanda. Outro cotado para a nova comissão técnica é Taffarel, que seria o preparador de goleiros. Ele ocupa o cargo no Galatasaray, da Turquia.