Estudioso, humilde, observador, franco...Entre os ex-companheiros do mundo da bola, os elogios fluem quando o assunto é Caio Júnior, falecido na terça-feira (29) na tragédia envolvendo a queda do avião que transportava a equipe da Chapecoense. Em uma coisa todos concordam: o perfil de Caio era raro no meio do futebol. Confira as declarações sobre o treinador.
Adir Kist, gerente de futebol do Cianorte e comandado por Caio no clube do interior em 2004 e 2005
“Joguei com o Caio no São José-RS, quando ele já estava no fim da carreira e eu começava, no fim dos anos 1990. Em seguida, fui jogar em Portugal e vi a fama que ele deixou por lá. Lá em Portugal tinha o estereótipo do brasileiro malandro. E me disseram que, dos brasileiros que estiveram por lá naquela época, somente o Caio fugia a essa fama”.
Régis, ex-goleiro do Paraná e companheiro de Caio
“O Caio sempre teve um perfil de um senhor, um cara maduro desde jovem. Quando jogava, era um treinador em campo, orientava, conversava com os colegas e dava conselhos. Ele fugia do perfil boleiro: era um atleta profissional. Jogamos juntos em Portugal, onde convivemos, e quando ele veio para o Paraná foi indicação minha”.
Beto Amorim, ex-volante titular na campanha do Paraná em 2006
“Ele nos ensinou muito. Fica a lembrança boa de uma pessoa que só fez o bem no meio do futebol. Em 2006, o momento do Paraná foi muito devido à capacidade dele de gerir o grupo. Ele foi uma peça fundamental na campanha. Na reta final, tivemos uma conversa particular com ele, batemos no peito, e dissemos que iriamos à Libertadores. No momento certo, ele fez com que alcançássemos isso”.
José Carlos de Miranda, ex-presidente do Paraná
“Conheci o Caio quando ele ainda era jogador e eu um torcedor. Acompanhei seu início na base do Paraná como técnico. Quando virou cronista esportivo, segui acompanhando seus comentários, sempre coerentes. Quando surgiu a chance em 2006, fizemos o convite e ele respondeu imediatamente. Mantivemos contato desde então. Cara trabalhador, honesto, coerente e que foi muito feliz conosco em 2006”.
Barcímio Sicupira, ex-jogador e companheiro nas jornadas da Rádio Banda B
“O negócio é que eu e ele nunca estivemos separados. Mantivemos o contato sempre. Ele era um amor, um cara fantástico, que nunca vi ninguém dizer que não gostava dele. Aquele tipo de pessoas que caía em piadinhas bobas. Quando surgiu o convite do Paraná em 2006, eu disse pra ele não ir. Que estava tranquilo no rádio. Mas ele botava uma fé incrível no trabalho dele. O Caio já não precisava de mais nada, mas o futebol corria em suas veias”.
Serginho Prestes, ex-atleta e auxiliar-técnico no Cianorte em 2004 e 2005
“No dia a dia do Cianorte sentíamos que o Caio tinha um grande futuro. Dominava os jogadores e tinha uma capacidade de comunicação, era um cara transparente. 70% do time do Cianorte estava lá por amizade com o Caio. Conheci o Caio iniciando a trajetória como técnico e depois todas as vezes que o encontrei já consagrado ele se manteve o memso. Um cara correto e íntegro, que foge totalmente ao estereótipo do boleiro”.
Adriano Rattman, amigo de longa data e assessor de imprensa de Caio
“Sempre um cara correto e brincalhão. Sempre tinha uma piada, era uma pessoa agradável, bom para tomar um vinho e conversar. Inteligente, estava sempre antenado ao futebol, sempre atencioso com a imprensa. Estava no momento mais confiante da carreira dele como treinador, sempre com coragem nas preleções e montagens de equipe. Acompanhei toda a carreira dele como técnico e já o havia visto tenso em outros momentos. Na Chape, ele estava vivendo de forma tranquila”.