Com dados da Operação Lava Jato e a quebra de sigilo bancário e telefônico de dirigentes, membros do Congresso articulam a criação de uma CPI para investigar os contratos da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, as suspeitas de corrupção envolvendo pagamentos para membros do Comitê Organizador Local e mesmo na construção de obras e estádios.
Os atuais trabalhos da CPI do Futebol, presidida pelo senador Romário (PSB-RJ), terminam em maio. Mas alguns senadores já costuram nos bastidores a possibilidade de manter as investigações, desta vez focadas exclusivamente na organização do Mundial. Ao jornal O Estado de S. Paulo, o senador Paulo Bauer (SC) indicou que vê a continuidade das investigações como algo positivo diante do volume de informações coletadas.
O objetivo será o de reunir as evidências coletadas pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal, além de cruzar os dados com a quebra do sigilo bancário e telefônico de dirigentes, como Marco Polo del Nero e José Maria Marin.
Parte da ofensiva estaria relacionada com a construção de estádios. Na Operação Fair Play, em agosto de 2015, as autoridades anunciaram indícios de que a Odebrecht tenha vencido a licitação para a construção da Arena Pernambuco graças a uma fraude e com superfaturamento de R$ 42,8 milhões nas obras. A suspeita era de que agentes públicos foram subornados para favorecer a construtora.
O contrato ainda previa que o governo do Estado ressarciria a Odebrecht durante 30 anos por eventuais déficits de receita no local do estádio, na região metropolitana do Recife, e nos empreendimentos que ocorreriam nos terrenos ao lado. Segundo um estudo do Tribunal de Contas de Pernambuco, tal compromisso público significava que o Estado transferiria à construtora um total de R$ 1,8 bilhão em três décadas.
Nas operações de agosto de 2015, as autoridades apreenderam planilhas em diversos escritórios da Odebrecht para examinar os custos relativos aos estádios do Corinthians, Maracanã e Fonte Nova.
Também em agosto de 2015, um informe do Tribunal de Contas da Bahia revelou sobrepreço nas obras da Arena Fonte Nova. Em 2010, o estádio foi erguido graças a um contrato entre o governo estadual e um consórcio que incluía a Odebrecht e a OAS. O Tribunal concluiu que, no acordo de parceria público-privada, o valor repassado pela Bahia às construtoras, de mais de R$ 107 milhões por ano até 2025, seria “excessivo”. O informe foi entregue à Polícia Federal.
Outro foco da CPI poderá ser o Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo, que foi presidido por Ricardo Teixeira, Marin e, no ano passado, por Del Nero. Quando Del Nero se licenciou da CBF, porém, ele manteve o cargo de presidente do COL. Em depoimento à CPI do Futebol, chegou a declarar que não se lembrava qual era o seu salário na entidade que organizava o Mundial.
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