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| Foto: Antonio More / Gazeta do Povo

"Uso bastante o WhatsApp. Existem elos de comunicação enormes dentro do clube, com a família, com os amigos."

Alex, meia do Coritiba.

"Na conversa com os jogadores que são amigos ficamos sabendo o que acontece antes de sair na imprensa. Mas tem de limitar o uso, senão, vai ter jogador querendo levar o celular até dentro da caneleira em dia de jogo."

Giancarlo, atacante do Paraná.

São 54 bilhões de mensagens enviadas por dia por 450 milhões de usuários do WhatsApp. Tamanho sucesso do aplicativo para celulares smartphones fez o dono do Facebook, Mark Zuckerberg, desembolsar 16 bilhões de dólares (R$ 38 bilhões) na última terça-feira para comprar a ferramenta virtual.

No mundo do futebol o WhatsApp virou moda já há muito tempo. Todos os boleiros estão conectados na rede – um celular de última geração é item tão obrigatório na rotina deles quanto as chuteiras. O software que permite envio de mensagens sem custo pela internet serve para papo furado, negociações de contrato e até, mais recentemente, mobilizar a classe.

A tecnologia acelerou a articulação do Bom Senso FC, movimento dos atletas criado no ano passado para cobrar dos clubes e da CBF melhores condições de trabalho. "Uso bastante o WhatsApp. Existem elos de comunicação enormes dentro do clube, com a família, com os amigos", destaca o meia Alex, do Coritiba, um dos líderes do grupo.

"O uso é geral", reforça o empresário de jogadores Neco Cirne. Além de atletas, membros das comissões técnicas, dirigentes e os próprios empresários. "Para eu conversar com os jogadores, melhorou muito. Antes, era via mensagem de texto ou via rádio. Agora, o rádio está até desligado. Com os clubes, fecho negociações. Foi o caso do [Paulo] Baier com o Criciúma. Eu estava na Argentina e fui acertando os detalhes via WhatsApp", conta Cirne.

O agente não descarta o risco de as informações passadas serem usadas contra ele. "Só troco informação com quem confio, afinal, fica tudo registrado. Já ouvi falar de caso de presidente de clube que deu um jeito de alterar conteúdo de conversa para plantar informação", revela.

Outro que já experimentou desvantagens da troca intensa de informação via aplicativo foi o técnico do Coxa, Dado Cavalcanti. "Faço parte de um grupo que comenta sobre futebol. Às vezes, um desses comentários vaza para a imprensa, não sei como."

No Paraná, os jogadores têm um grupo de conversa no aplicativo desde o ano passado. "É muito bom para o pessoal se conhecer melhor, a gente usa para fazer brincadeira, mandar foto tirando sarro dos apelidos de cada um", conta o atacante Giancarlo.

O aplicativo ainda amplia a rede de contatos – e de informações – nos bastidores. "Na conversa com os jogadores que são amigos e estão em outros clubes, ficamos sabendo o que acontece antes de sair na imprensa. Semana passada, conversando com um zagueiro, soube que ele ia acertar com a Portuguesa", comenta o paranista.

Outro grupo virtual no WhatsApp tricolor inclui parte da comissão técnica e serve de mural de recados dos compromissos do grupo: horários e locais de treinos e embarques da equipe. Entre os dirigentes, o vice-presidente de futebol, Celso Bittencourt, é um dos poucos que não aderiu. "Utilizo apenas SMS, que permite me comunicar com todos os celulares, sem restrição", declarou, via mensagem de texto.

Com tanta facilidade e possibilidades – o aplicativo permite também o envio de mensagens de voz e arquivos de imagem –, os clubes costumam impôr algumas restrições. Como nas preleções, refeições e horário de dormir nas concentrações. "Senão, vai ter jogador querendo levar o celular até dentro da caneleira em dia de jogo", brinca Giancarlo.

Colaborou: Robson Martins

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