Conquistada há dez dias, a Copa Dallas é uma inserção de respeito no jovem currículo dos atletas do sub-19 do Coritiba. E um intercâmbio imensurável. Garotos de 180 equipes, de 42 países em uma experiência pessoal única. Outro país, idioma, alimentação e jeito de vida diretos na fonte.
Uma das propostas do torneio – vencido também em 2012 – é exatamente oferecer essa vivência. Assim, nada de hotel. Cada dois atletas ficam hospedados durante os 15 dias de disputa na casa de famílias norte-americanas. Foi isso que os meninos do Coritiba viveram no Texas.
Com experiência internacional restrita, os atletas tiveram de se virar. Se já é um xodó, o celular virou item indispensável. A relação com os ‘pais’ temporários foi estabelecida através do tradutor do Google. “Foi o jeito que conseguimos de nos comunicar. Ajudou um pouco [o fato de] que na região tem muitos imigrantes e se fala bastante espanhol. Um pouco melhor de entender. Mas no dia a dia era só o tradutor do celular”, comentou Evandro, artilheiro e destaque alviverde.
Ele marcou sete gols na campanha invicta do Coritiba: cinco vitórias em cinco jogos, além do melhor ataque e a defesa menos vazada.
O Coxa fez parte do supergrupo com 16 equipes profissionais. Da América Latina estavam Corinthians e River Plate. Um dos adversários batidos pelo Coritiba foi o Ewerton campeão europeu sub-19 e com cinco jogadores da seleção inglesa da categoria.
Como a proposta do evento era ‘a vida como ela é’, os jogadores encararam a rotina norte-americana. Incluindo a típica comida de causar calafrios nos nutricionistas. “Era ovo e bacon cedinho. O café tradicional deles. Aí a gente dava uma maneirada, para não exagerar”, contou o meia Julio Rush.
Os lares provisórios também tinham ‘irmãos’ que jogavam bola no país e reforçaram o intercâmbio na modalidade. “O idioma internacional é a simpatia. Então as famílias faziam questão de ficar com os brasileiros”, explicou Pierre Boulos, um dos diretores da base alviverde. Os casais eram responsáveis por controlar os horários e fazer o transportes dos meninos aos jogos e treinos. “No fim, foi a maior choradeira das famílias na despedida dos meninos”, contou. “Foi uma experiência muito bacana. Fomos bem acolhidos, tudo era novidade. Marcou também fora de campo”, afirmou o jovem Vítor Carvalho.
O Coxa também participou de várias ações. Como a visita em uma associação com crianças que sofreram abusos. A camiseta da entidade foi usada na entrada do campo antes da final. O clube também levou vários brindes e garantiu uma torcida própria nos jogos e voluntários particulares.
Um desses ‘ajudantes’ do Coritiba em Dallas foi o brasileiro Marcos Roberto da Silva, de 31 anos, que atuou no futebol universitário dos EUA. Ele ajudou na logística da delegação e no contato entre a comissão técnica com as famílias que recebiam os jogadores.
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