Articulada há duas semanas para cobrar o Coritiba sobre atrasos no pagamento do direito de imagem [parcela do salário], a carta assinada pelos jogadores do clube veio a público e escancarou a péssima relação entre os boleiros e o principal dirigente alviverde, o presidente Vilson Ribeiro de Andrade.
Confira a carta de repúdio dos atletas
O texto assinado pelos atletas profissionais do Coritiba divulgado no domingo à noite pelo portal Globo Esporte não teve ontem a veracidade contestada pela direção coxa-branca. Jogadores ouvidos pela reportagem da Gazeta do Povo atestaram o conteúdo divulgado "sem autorização".
Após decidir não se manifestar sobre a polêmica, o clube tratou a carta (em nota oficial) como assunto superado por já ter renegociado as dívidas e, extra-oficialmente, a divulgação da mesma como motivação política. Procurado pelo jornal, Andrade não quis falar sobre o assunto.
O conteúdo foi revelado na noite de domingo pelo torcedor Luiz Carlos Betenheuser Júnior, que assina o blog A torcida que nunca abandona.
Inicialmente, o elenco iria divulgar à torcida o teor do texto para pressionar a diretoria logo após a vitória sobre o Operário, no dia 27 de fevereiro. Entretanto, com a renegociação individual da dívida com os cinco credores do elenco, os jogadores acabaram voltando atrás e a mantendo internamente.
Leandro Almeida, Chico, Keirrison, Lincoln e Deivid formavam o grupo com atraso que chegava há mais de um ano em relação ao direito de imagem. Todos teriam acertado as pendências. Os dois últimos deixaram o clube. Lincoln foi para o Bahia com o crédito refinanciado e Deivid para a Justiça cobrar um montante que chega a R$ 12,5 milhões.
A divulgação surpreendeu os atletas do clube. "Essa é a carta mesmo. Mas não tenho a menor ideia de quem vazou", disse um jogador que não quis se identificar.
O teor, contudo, foi muito além da inadimplência. Na parte mais pesada do texto, o elenco chega a chamar Andrade de "irresponsável" em sua administração frente ao clube. "Nós tememos pelas consequências e pelo legado que essa sua administração centralizadora e irresponsável deixará para o futuro deste clube que tanto amamos e admiramos", traz a carta.
O tom do texto causou estranheza ao presidente do Conselho Deliberativo do Coxa, Omar Akel. "Estou no Coritiba há 20 anos e nunca vi uma situação como essa nem aqui nem em nenhuma empresa, de funcionários se dirigirem desta forma à direção", comentou à Gazeta do Povo.
"Acompanhamos de perto toda a situação do clube. Há débitos que foram negociados. Não há nada justifique essa manifestação em bloco. É uma carta extremamente forte e extremamente injusta. Vejo como uma carta de campanha", acrescentou o conselheiro. Ele mesmo, porém, disse não saber da existência de uma oposição declarada internamente no clube.
Akel confirmou o desgaste de Vilson Ribeiro desde o ano passado, quando a saída do superintendente Felipe Ximenes aproximou o presidente do futebol. "Vimos a necessidade de baixar a poeira, acalmar os ânimos e, com a chegada do [superintendente Mario André] Mazzuco, do Tcheco e do Paulo Thomaz de Aquino [vice de futebol], o Vilson se concentrou mais da parte administrativa", ponderou.
Responsável por publicar o manifesto, Betenheuser disse ter confirmado a veracidade da carta e negou motivação política. "Não sou candidato a nada no clube, nunca serei. Como sócio desde 1996, achei relevante publicar uma situação grave que pode comprometer o clube", justificou.
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