Colunistas comentam as mudanças de técnicos da dupla Atletiba

Sobre as trocas de técnicos na dupla Atletiba, quem ganha mais, o Atlético com Leandro Ávila ou o Coritiba, com Marquinhos Santos?

Leonardo Mendes Junior - De imediato, o Atlético com o Leandro. Como já está no clube e esse elenco confia plenamente nele, o tempo de adaptação é muito menor. E é muito mais fácil você ganhar terreno estando no meio da tabela do que enfiado na ZR e quanto antes o Leandro conseguir reestabilizar o time no Brasileiro, mas rápido ele poderá olhar para a Copa do Brasil.

Carneiro Neto – Não é quem ganha mais, mas quem mais perdeu. Os dirigentes são os grandes responsáveis pelo fracasso dos clubes e não é diferente com Coritiba e Atlético. As decisões são no improviso. No Coritiba, o Marquinhos, se agora é solução, porque foi mandado embora há 11 meses? Mesma coisa no Atlético. Mesma coisa o Atlético. O Ávila é o terceiro no Brasileirão, o Miguel foi uma invenção, esse Doriva é um coitado. Ontem, contra o Bahia, precisava jogar pelas pontas para furar a retranca e não conseguiu e aí a diretoria simplesmente o manda embora e chama o Leandro, com responsabilidade redobrada. Os dirigentes trazem de volta o que já tinham dito que não servia e atestam sua incompetência.

Luiz Augusto Xavier - São situações diferentes, mas pela situação, o Coritiba ganha mais porque estavam em situação pior na tabela. O Marquinhos conhece o grupo, quando saiu foi contra a vontade dos jogadores, vai melhorar o ambiente na equipe

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O Marquinhos é o nome ideal para o Coritiba no momento? Qual virtude da passagem anterior dele no clube será útil ao time agora? Qual defeito da passagem anterior ele precisa ter corrigido nestes 11 meses? Qual precisa ser a primeira intervenção no time?

Leonardo Mendes Junior - Considerando que o clube tem a política de não ir atrás de técnicos empregados, é o melhor nome. Conhece parte do elenco, não terá problemas de adaptação ao clube ou à cidade e tem uma conta em aberto com o Coritiba, pela maneira como foi demitido ano passado. Especialmente na chegada, em 2012, o Marquinhos rapidamente achou um time que marcava bem e chegava muito rápido ao ataque. Claro, as peças eram melhores. Tem o Alex, machucado, e só. precisará fazer mais com menos. Mas pouco usou a base no Coritiba. No primeiro ano porque a situação era delicada, no segundo porque achou rapidamente um time para o Brasileiro. Mas demorou a usar os garotos. Agora, será uma necessidade até para cobrir essa fragilidade técnica do elenco atual. A primeira ação tem de ser tirar o Baraka ou o Germano. Não dá para jogar com os dois. O Coritiba precisa de um segundo volante com mais capacidade de passe.

Carneiro Neto – O Coxa não queria Marquinhos, queria o Ney Franco, que fechou com o Vitória. Mas, como o time está em situação dramática, na ZR, com um time fraco, não dá para esperar que o Marquinhos vá fazer milagre. Ele é trabalhador, estudioso, mas não tem a envergadura de um Marcelo Oliveira, vai encarar um elenco modesto e a mudança da situação do clube depende dos jogadores. O Marquinhos tem de afastar os jogadores que estão mal, como Baraka, Zé Love, contar com os da sua confiança. O elenco não dá muita opção, mas o Roth insistiu demais com o Baraka, sacrificou o Gil, improvisou demais nas laterais. O Marquinhos tem um grande desafio pela frente.

Luiz Augusto Xavier - Pela urgência, o clube talvez tenha encontrado o nome ideal. Qualquer outro teria de passar por um período de adaptação, conhecer o elenco, não se disporia a trabalhar sem a diretoria contratar reforços. Ele tem como virtude saber estimular a união do grupo, sabe fazer o time jogar para ele. Na sua primeira passagem, pagou um pouco pela inexperiência, foi sua primeira vez em um time profissional. Hesitou em tomar decisões, se preocupava muito com críticas, lia tudo em jornal, ouvia tudo em rádio... Agora, já pode ter digerido isso tudo. Ele tem de chegar ao Alto da Glória com o pensamento "Yes, we can", falar para o grupo que já saíram de uma situação difícil antes, colocar otimismo na equipe.

Leandro Ávila é o nome ideal para o Atlético no momento? Qual virtude dos quatro jogos em que já atuou como interino precisa resgatar agora? É possível melhorar o Atlético sem reforços? Qual precisa ser a primeira intervenção dele no time?

Leonardo Mendes Junior - É. O Atlético tem por política não pagar mais de 100 mil reais para treinador. Nessa faixa não tem ninguém no mercado que mereça a aposta. Ele precisa resgatar a movimentação ofensiva. Corinthians, Coritiba, São Paulo e Figueirense sofreram para marcar o Atlético porque era um Atlético que se mexia muito, trocava muito de posição sem se tornar um bolo de jogadores ou deixar espaços nem desproteger a defesa. Até certo ponto, é possível melhorar o Atlético sem reforços. O Leandro condições de resgatar o padrão das quatro partidas que fez no comando, o que já é um avanço. Mas para ir além, o Atlético precisa de um jogador mais rodado na zaga e outro no meio. Sua primeira ação no time tem de ser tirar o Douglas Coutinho do banco. O Atlético não precisa ter um centroavante fixo. Pode jogar com o Marcelo e o Coutinho soltos.

Carneiro Neto - Eu não sei nem se fica, de repente, o Atlético inventa outro técnico, como já fez. Mas, olhando para ele por si só, sim, é o nome ideal para o clube. Conhece mais futebol que o Doriva. O Leandro usou jogadores cada um em sua característica e deu liberdade para que jogassem. Deixar o Douglas Coutinho na reserva é brincadeira. Mas o time precisa de reforços, sim, especialmente na defesa. Os dois zagueiros são fracos, tem o Drausio que é um pouco mais experiente, mas ainda assim não é essas coisas e, se não houver mais contratações, o Atlético corre o risco de entrar no rebolo. A primeira ação do Leandro Ávila tem de ser resgatar os melhores jogadores como titulares, escalar o time com coerência e bom senso.

Luiz Augusto Xavier - O Ávila já teria sido ideal antes do Doriva, quando foi interino e consertou os erros do Miguel. O Doriva, em sua vinda, jogou com o esquema do Leandro, antes de começar a jogar com esquema diferente. Naqueles quatro jogos, o Ávila soube equilibrar o time, que antes jogava com o chutão, fazendo ligação direta e passou a ligar mais os setores do campo, tocar mais a bola. É possível que mesmo sem contratações o time possa melhorar com o novo técnico, embora seja grande a necessidade de um zagueiro ou de um jogador para assumir o papel de líder em campo. O Leandro precisa tentar retomar a velocidade e a troca constante posicionamento entre os jogadores, que era o ponto principal do esquema tático.