Uma comissão formada por conselheiros e membros do Conselho Fiscal do Coritiba pediu nesta quinta-feira (10) a renúncia imediata do vice-presidente André Macias, que já está licenciado do cargo. O relatório apresentado ao Conselho Deliberativo aponta que não foram convincentes as comprovações do destino dado ao dinheiro sacado do clube pelo próprio dirigente e doado para a campanha de Ricardo Gomyde para a presidência da Federação Paranaense de Futebol (FPF). Ao todo, R$ 200 mil foram destinados à eleição. O candidato apoiado pelo Coxa foi derrotado por Hélio Cury.
O caso será encaminhado para análise de uma nova comissão de ética formada durante a reunião, que terá a presença de ex-presidentes e conselheiros de conduta ilibada. Entre as atribuições dessa comissão estará sugerir a convocação de uma assembleia de sócios para pedir uma eventual saída de Macias, ou mesmo sugerir o arquivamento do caso para o CD.
O presidente do Deliberativo, Pier Petruzziello, afirmou que só irá se manifestar por intermédio de uma nota oficial nesta sexta-feira (11), para posicionar os sócios sobre o que foi deliberado no encontro. Garantiu, entretanto, que as decisões resguardando a lisura do processo.
A comissão que analisou a prestação das contas ouviu todos os participantes da reunião que decidiu pela doação e apontou uma infração aos artigos 135 e 137 do estatuto do clube. O primeiro trata necessidade de autorização do Deliberativo para o pagamento de despesas não descritas no orçamento, mediante apresentação da proposta e justificativas.
Já o artigo 137 menciona a obrigatoriedade de registro, em ata ou similares, de decisões como a do empréstimo. O relatório mostra que não houve ata da referida reunião do G5 que liberou o dinheiro. Bacellar, Gilberto Griebler e Macias foram a favor. Ernesto Pedroso e Ricardo Guerra, dois vices que já renunciaram aos cargos, foram contra.
O relatório mostrou que parte dos comprovantes enviados ao clube foram emitidos pelo Hotel Bourbon, de propriedade de um dos conselheiros do clube, para a empresa Meridiano Turismo, que tem como dono Macias.
Macias não compareceu à reunião que analisou a doação. Alegando não ter sido convidado a expor sua versão para os fatos, acusou a comissão que analisou a polêmica de vazar informações para a imprensa, colocando-o como o culpado por eventuais desvios de conduta. Já Gomyde esteve na reunião, mas saiu cerca de 40 minutos antes do fim.
Sobre a decisão do conselho em montar uma comissão de ética, Macias comemorou. “Era o que eu mais queria. Infelizmente não tive acesso ao parecer, tampouco fui convidado para me defender na reunião. Assim terei meu direito, antes negado, de explicar qualquer coisa. Aliás, do que me acusam? Não sei até agora”, disse por telefone à Gazeta.
Na carta enviada a diversos veículos de comunicação, Macias se diz “amargurado”, aguardando o desfecho da sindicância. Macias alega que não há o que explicar no caso. Segundo ele, os R$ 200 mil doados a Gomyde teriam relação exclusiva com o presidente Rogério Bacellar, que por sua vez já afirmou que a responsabilidade era de Macias. Por ter se comprometido a devolver o dinheiro ao clube após a derrota do seu candidato, Bacellar repôs a quantia, não restando o que se investigar.
“Gostaria de lembrar a todos que não foi investido dinheiro algum do Clube na campanha da Federação. O Presidente Bacellar (respaldado pelo G5) explicou que reputou válido o investimento numa chapa que acreditava. Com o resultado adverso, reembolsou do próprio bolso o dinheiro para evitar qualquer especulação sobre o acerto do investimento”, afirma na carta.
O dirigente licenciado se diz vítima de uma guerra política interna. “Foi uma armadilha processual. A comissão foi formada por membros de uma corrente política que esta prejudicando o clube e um gestor que sempre lutou pelo Coritiba”. Macias afirmou que negociações adiantadas com patrocinadores, fornecedor de materiais esportivos e a própria condução da Copa-Sul Minas estão prejudicadas. “Vou provar que não houve nada de errado”.
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