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Inimigos íntimos do Tricolor viram arma secreta de Zé Carlos
O técnico Zé Carlos é quem vai comandar o Coritiba no clássico de hoje contra o Paraná. No entanto, Dado Cavalcanti, responsável pela equipe principal que faz pré-temporada em Foz do Iguaçu, terá uma participação determinante no duelo.
Ele era técnico do Tricolor até dezembro do ano passado e conhece bem o elenco paranista. O zagueiro Alex Alves, os volantes Ricardo Conceição e Cambará, o meia Lúcio Flávio, e todo o ataque, com Luisinho, Júlio César e Carlinhos, passaram pelo comando de Cavalcanti, garantindo boas informações a Zé Carlos.
Na sexta-feira, o treinador confirmou que conversaria sobre o assunto no dia seguinte com o técnico do time principal. Zé Carlos lembrou ainda que o auxiliar Wilton Bezerra, que veio junto com Cavalcanti do Paraná, também está trabalhando em Curitiba com os jovens do time alternativo e tem colaborado para desvendar o adversário.
"O Wilton trabalhou lá e está comigo aqui, tem passado muita coisa. Eu também trabalhei sete anos nas categorias de base do Paraná e tem alguns meninos que eu conheço. Mas lógico que qualquer informação a mais será bem-vinda", afirmou o treinador coxa- branca.
Do lado paranista, o técnico Milton Mendes diz acreditar que, mesmo Dado conhecendo bem os tricolores, isso não deve representar uma vantagem significativa. Até porque a forma de jogar do time é outra, com atletas que chegaram em janeiro, desconhecidos do rival coxa-branca.
"Ele [Dado Cavalcanti] está no Coritiba agora e é natural que possa dizer alguma coisa, mas não creio que será muito importante", disse. Mesmo assim, estendeu elogios ao antecessor. "Ele fez uma história bonita aqui, colocou a equipe num patamar bom. Mas já passou", completou.
O Paratiba 96 apresenta técnicos de perfis opostos: Zé Carlos, pelo Coritiba, e Milton Mendes, do Paraná. Ainda pouco conhecidos pelas duas torcidas, seguiram rumos diferentes na carreira e na maneira de trabalhar.
Zé Carlos, 57 anos, faz o estilo "boleirão". Ex-atacante com passagens por Colorado, Pinheiros, Operário e Paranavaí, quando pendurou as chuteiras foi ser técnico até no Sanh Chi Colin, da China, no começo da década passada.
Ao longo do tempo, adquiriu vasta experiência nas categorias de base, lidando com os garotos. Trabalhou por sete anos no Paraná e nos últimos seis no Coxa. Tanto com os jovens quanto com os adultos, preza pelo trabalho de campo e é pouco adepto a inovações tecnológicas.
"Sou mesmo mais tradicionalista, gosto de conversar olhos nos olhos. Trabalho muito nos treinamentos, paro, corrijo, procuro fazer dentro das quatro linhas. Ali que eu gosto de trabalhar, ali que eu trabalhei a minha vida inteira", explica o mineiro José Carlos Lelis.
Do outro lado, Milton Mendes, 48 anos, também começou como jogador foi formado nas categorias de base do Vasco e atuou em São Januário de 1984 a 1987. Defendeu o Criciúma também e depois atuou em Portugal, onde fez carreira como treinador, além do Catar. No Brasil, teve uma rápida passagem pelo Bonsucesso-RJ, em 2006.
No caminho, acumulou experiência e apreço por inovações. Faz o tipo estudioso, acadêmico. Apesar disso, não gosta de ser chamado de técnico de "estilo europeu". "Essa história de Europa, sou brasileiro! Estudei fora, fiz a minha escola lá, trouxe ideias de lá para enriquecer o nosso futebol. Mas sou catarinense", protesta o treinador paranista.
No campo tático, as diferenças também são marcantes. Zé Carlos prefere um time ofensivo. Mendes, por sua vez, gosta de marcação forte e explorar os contra-ataques.
Aperar dos procedimentos distintos, ambos apreciam trabalhar de forma individual com os jogadores. Outro ponto que une Zé Carlos e Milton Mendes é a importância do Paratiba desta tarde trata-se do jogo mais importante da carreira do coxa-branca e da passagem do paranista pela terra natal.
Fator que ambos, naturalmente, preferem evitar. Adotam o discurso manjado de que toda partida é relevante. O comandante alviverde, entretanto, admite que o clássico mexe com todos os envolvidos.
"Eu procuro o equilíbrio da semana para trabalhar como se fosse o jogo comum. Mas clássico a gente sabe que mexe com o torcedor e com a cidade. As coisas fluem um pouco diferente. Mas procuro passar tranquilidade para os meninos. Já tenho cabelo branco, passar o nervosismo não vai dar certo", resume Zé Carlos.
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