A possível atuação do Coritiba como ponte para a transferência de dois jogadores para o futebol chinês pode render severas punições ao clube. Na última segunda-feira (20), o Coxa registrou no Boletim Informativo Diário (BID) da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) os desconhecidos meias Ricardinho, 34 anos, e Dion Henrique, 31. A dupla, entretanto, não jogará pelo clube, que confirmou em nota oficial que os atletas farão uma recuperação física no Alviverde até serem negociados para a China.
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No entanto, o artigo 34 do regulamento de Registro e Transferência da CBF define como ‘transferência-ponte’ aquela que “envolva o registro de atleta em um clube intermediário sem finalidade desportiva, visando obtenção de vantagem, direta ou indireta, por quaisquer dos clubes envolvidos (cedente, intermediário ou adquirente), do atleta ou terceiros”.
As punições vão desde simples advertência, perda de pontos, até a impossibilidade de registrar novos atletas pelas próximas duas janelas de transferências. “Existe uma presunção de ponte quando a CBF não vislumbrar a finalidade desportiva na contratação. E aí a entidade pode pedir esclarecimentos ao clube”, explica Bichara Neto, advogado especialista em Direito Desportivo.
“Aparentemente, estes são jogadores em fim de carreira, registrados para não jogar. Pode ser uma transferência-ponte e o Coritiba teria de se explicar”, prossegue Neto. A investigação pode decorrer de uma denúncia externa ou de processo instaurado pela Câmara de Resoluções de Disputas, organismo criado pela CBF para julgar estes casos.
A Fifa também desautoriza este tipo de negociação. Para inibi-la, a entidade proíbe um clube de negociar um jogador menos de três meses depois de tê-lo contratado. Por outro lado, desde o banimento do envolvimento de terceiros em transferências entre clubes, empresários de futebol passaram a utilizar com mais frequência a artimanha: o jogador é registrado por um clube e, logo em seguida, transferido para o verdadeiro comprador.
Em 2014, a Fifa puniu clubes uruguaios e argentinos pelas transferências-ponte, entre eles Independiente e Rosario Central. No ano passado, acionou um clube belga e um holandês. Já no Brasil, pelo menos dois clubes já estão na mira da entidade. Em 2015, o São Paulo escapou de punição pesada pela contratação do zagueiro Iago Maidana, que era do Criciúma, mas foi repassado ao Monte Cristo antes de chegar ao Morumbi.
Procurado pela reportagem, o presidente do Coritiba, Rogério Portugal Bacellar respondeu apenas por e-mail. “Não temos esta preocupação pelas razões já expostas em nota oficial”, resumiu.
Na nota, publicada quarta-feira (22) no site do clube, o mandatário celebra a chance de ajudar Ricardinho e Dion Henrique a se recuperarem no clube. “A nossa intenção é a de aproveitar uma oportunidade como essa e mostrar para o mercado que o Coritiba tem estrutura para recuperar esses jogadores, além de fomentar o mercado chinês”, escreveu.
“O registro de ambos no BID é uma segurança ao Coxa, que já recebeu em outras ocasiões atletas para realizar período de recondicionamento físico no Centro de Excelência no Esporte do Coritiba (CEECOR)”, argumenta o clube em nota publicada ainda na segunda-feira (20)
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