Em alta
Marquinhos Santos
Com menos de uma semana de trabalho e apenas dois jogos, Marquinhos já consegue apresentar um Coritiba muito mais consistente que o de Celso Roth. O principal indicativo é o segundo jogo sem sofrer gol, resultado da organização do time todo, que tirou espaços do Galo e encurralou Tardelli. Faltou fôlego para manter a eficiência no segundo tempo.
Em baixa
Centroavante
É o grande drama do Coritiba, a ponto de Marquinhos preferir sacrificar Alex como falso 9 a apostar em alguém do ramo. Zé Love faz a função, mas tem rendido melhor fora de área. Enfiá-lo entre os zagueiros teria ganho duvidoso e perda garantida. Keirrison ainda não passa plena confiança. A saída é ir ao mercado e sacar alguma carta da manga.
Opinião
O Coritiba precisa pensar e jogar no ritmo de Alex
Leonardo Mendes Júnior
Alex tem um raciocínio extremamente rápido e isso, às vezes, torna-se um problema. Perto do gol, como foi escalado ontem, o meia tem a capacidade de, com um toque ou movimento de corpo, abrir espaços vitais na defesa adversária. Buracos que escancaram a porta do gol, mas se fecham rapidamente. Ou seja, é preciso velocidade não só física, mas principalmente de raciocínio para aproveitá-los.
Um lance com Gil, no fim do primeiro tempo, escancarou esse drama no Coritiba. Alex recebeu a bola na meia-direita e, com um movimento de corpo, abriu o caminho para o gol. Gil demorou a entender. Quando entendeu, correu errado. E quando chegou, deu um cruzamento horrível nas mãos de Victor.
Esse lance deixou o problema explícito, mas não foi o único. Alex cansou de abrir espaços que seus companheiros não conseguiam decifrar. Deu ao Coritiba uma porção de quase chances de gol. Quando dependeu só dele, em duas faltas, pôs Victor para trabalhar.
Do elenco atual, Dudu é quem tem mais capacidade de jogar no ritmo de Alex. Fez boas jogadas ontem pela direita. Obrigou Maicosuel a marcar e, com isso, tirou força ofensiva dos mineiros. Mas pouco dialogou com o capitão alviverde. Martinuccio pode oferecer o mesmo, mas ainda não jogou com o Alex. Por enquanto, o capitão alviverde pensa e joga futebol; os outros, um esporte parecido.
O Coritiba precisava de quatro resultados para começar a semana fora da zona de rebaixamento do Brasileirão. Palmeiras, Criciúma e Bahia perderam; faltou a vitória do próprio Coritiba. O empate por 0 a 0 com o Atlético-MG, no Couto Pereira, mantém o Coxa entre os quatro últimos pela 15.ª rodada consecutiva. A exibição contra os mineiros, porém, reforçou algumas impressões do duelo com o Flamengo, pela Copa do Brasil, e deixou claro que o time encontrou o caminho para subir na classificação.
Elementos da vitória sobre os cariocas estiveram vivos na exibição de ontem. A proximidade entre meio-campo, defesa e ataque tirou espaços do Galo e permitiu ao Coritiba ditar o ritmo do jogo, especialmente no primeiro tempo. O avanço constante de Carlinhos produziu boas jogadas com Zé Love e se Norberto fizesse o mesmo na esquerda, o bom jogo de Dudu teria rendido melhores frutos ao time.
"O time propôs o jogo. Não se omitiu nem deixou de jogar. As vitórias vêm em cima da qualidade do jogo. Vamos jogar mal e vencer também, mas jogar bem é um bom indício de vitórias", acrescentou o técnico Marquinhos Santos.
Em menos de uma semana de trabalho, ele conseguiu dar padrão ao time, mas ainda não teve tempo de testar adequadamente algumas alternativas. A entrada de Élber, por exemplo, ao invés de acelerar a transição defesa-ataque, como pretendido, tirou força do meio. Foi o momento em que o Atlético-MG cresceu e Diego Tardelli não só teve liberdade para criar, como mandou duas bolas na trave.
A entrada de Martinuccio recolocou o Coritiba no jogo. Keirrison ainda teve uma chance na área, que só não virou gol por uma defesa espetacular de Victor, aos 43 do segundo tempo.
"Ele acabou saindo muito bem com os pés", lamentou Keirrison, em uma frustração amplificada por Zé Love. "Infelizmente saímos com o empate. Fico frustrado. A torcida veio e merecia ver gols, mas criamos oportunidades. Nossa tendência é evoluir", disse o atacante, que acertou a trave mineira.
Frustração compreensível, na visão de Marquinhos Santos, mas que não deve se transformar em afobação. Mesmo com a chance desperdiçada de sair da zona de rebaixamento, o técnico prefere enfatizar que a recuperação será gradual. Passa por arrumar o time, jogar bem, ter resultados e sair da confusão na hora certa.
"O sentimento dos atletas é digno e é o mesmo do torcedor. Nossa maior virtude é ter tranquilidade e trabalhar essa competição. O mais importante é estar fora da zona rebaixamento na última rodada", comentou, antes de apegar-se a um sinal de dias melhores no Alto da Glória. "Quando o Tardelli alcançou a bola, cabeceou no contrapé do Vanderlei e ela deu no pé da trave, virei para o meu auxiliar falei: O vento está virando a nosso favor."
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