O jogo limpo (fair play) financeiro, que vem sendo implantado na Europa para tentar diminuir a disparidade entre os clubes e evitar gastos exorbitantes, começa a ganhar adeptos no Brasil. Um deles é o Coritiba, que vê ano a ano a própria distância para os "grandes" aumentar e sem ter para onde recorrer para conseguir concorrer de igual para igual. O Alviverde quer que todos os times de futebol do país sejam tratados igualitariamente, sendo obrigados a, seguindo o exemplo coxa-branca, quitar as pendências tributárias.
"O clube que cumpre com as obrigações não consegue competir com quem não cumpre. Há clubes que não podem pagar salários altos porque precisam pagar impostos e isso é uma concorrência desleal", analisou o presidente do Alviverde, Vilson Ribeiro de Andrade.
Segundo o mandatário coxa-branca, a diretoria atual tem feito o possível para ficar em dia com o governo a dívida tributária, segundo o último balanço publicado pelo clube, relativo a 2011, é de R$ 48,9 milhões. A situação não é das mais tranquilas, mas o pagamento tem sido equalizado em um acordo com a Receita para zerar o débito em seis anos. Dinheiro que sai e não pode ser investido para qualificar elenco ou melhorar o patrimônio do clube, por exemplo.
A discussão do fair play vem justamente após um cerco da Receita Federal sobre os times de futebol e de um movimento de resposta capitaneado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, com o objetivo acabar com a tributação sobre os clubes.
Em 1998, as agremiações deixaram de ter isenção fiscal, benefício conquistado ainda na década de 40. De lá para cá, os clubes se "descuidaram" e viram as dívidas com o governo aumentar significativamente segundo a Receita Federal, o montante ultrapassa os R$ 612 milhões.
A principal alegação dos times em busca da anistia das dívidas é de que são entidades sem fins lucrativos e por isso não deveriam ser cobrados como qualquer outra empresa, que precisam pagar, entre outros tributos, o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
O próprio Coritiba, no final de 2011, teve uma autuação de R$ 20 milhões da Receita, mas, depois de um recurso administrativo, conseguiu se livrar do pagamento justamente porque não se enquadrava como empresa.
"Para reverter isso, temos de criar algumas situações em que as visões sejam muito claras a respeito de responsabilidades, não só das gestões, mas também de apoio de alguns segmentos do governo, que poderiam ajudar na saúde financeira dos clubes", seguiu Andrade.
É o que uma comissão criada na CBF com alguns clubes da Série A pretende fazer. Mas por enquanto não há um caminho certo a ser seguido. "Houve uma reunião na semana passada e o assunto foi levantado. Mas a comissão não se reuniu ainda. É um assunto que está sendo discutido no ministério e na CBF", completou o presidente do Coritiba.
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