A cena dos goleiros usando óculos escuros tem chamado atenção nos treinos do Coritiba na pré-temporada em Foz do Iguaçu. Os próprios jogadores de linha ficam se perguntando o porquê de os arqueiros estarem utilizando, mesmo nos dias em que o sol da fronteira não está tão forte. Os óculos não são para proteger os olhos da luz. São para aprimorar os fundamentos dos guarda-metas alviverdes.
O treinador de goleiros Carlos Pracidelli está aproveitando a pré-temporada estendida de 36 dias 15 a mais do que no ano passado para testar o equipamento, que reproduz nos treinos situações de dificuldade para os jogadores. Flashes de luzes piscam com maior ou menor intensidade nas lentes, exigindo que os goleiros tenham de aumentar a atenção e o poder de reação para defender as bolas.
"Os óculos simulam situações em que o goleiro tem a visão prejudicada, como quando o sol está contra o atleta ou quando a luz do refletor atrapalha", explica Pracidelli, que, por ser o homem de confiança de Luiz Felipe Scolari na preparação dos goleiros da seleção, pode levar a novidade para o treinamento dos arqueiros do Brasil na Copa do Mundo.
Criado pela Universidade de Duke, nos Estados Unidos, a pedido da Nike, fornecedora de material esportivo do Coxa e da seleção, a tecnologia, batizada de SPARQ Sensory Performance (do inglês, a sigla significa velocidade, potência, agilidade e rapidez de reação) já é utilizada em treinos de outras modalidades, como basquete, tênis, beisebol e até o MMA. Assim como no futebol, o objetivo é estimular o reflexo dos atletas.
A sensação que os óculos dão é de que a bola "some" durante a jogada. Como as lentes ficam piscando com intervalos médios de 0,25 segundos, quando o goleiro percebe, a bola já está bem próxima dele, o que exige uma reação instantânea para defendê-la.
"O objetivo é dificultar o treino, diminuir o grau de visibilidade para que o goleiro aguce a resposta. Com isso, ele pode melhorar uma série de fundamentos, como a pegada, a interceptação do cruzamento e até simular no treino defesas rasteiras, quando a bola bate em um morrinho, ou quando a visão está encoberta por outro jogador", explica Pracidelli.
Titular da meta coxa-branca, Vanderlei diz ter estranhado no começo o equipamento. Mas com quase uma semana de treino com os óculos, já nota algumas evoluções nos fundamentos. Especialmente na saída de bola.
"Esses óculos vão ajudar a gente, porque há situações no Paranaense, e até em algumas partidas do Brasileiro, em que refletor atrapalha a visão do goleiro. E no Couto Pereira temos o problema do sol, principalmente no primeiro tempo das partidas à tarde", avalia o goleiro.
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