Ênio Andrade, técnico do Coritiba: 100% Taça de Ouro.| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

A espera de dois meses e meio se aproximava do fim. O Coritiba não entrava em campo pelo Campeonato Brasileiro (a Taça de Ouro) desde 14 de abril de 1985. Da heroica vitória por 2 a 1 sobre o Santos, no Couto Pereira, o Coxa saiu para o recesso do Nacional para a disputa das Eliminatórias da Copa do Mundo de 1986, no México.

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Período de muitos treinamentos, amistosos e a disputa da Taça Cidade de Curitiba, um quadrangular com Atlético, Colorado e Pinheiros (os dois últimos dariam origem ao Paraná em 1989) preparatório para o Campeonato Paranaense. O rendimento do Coxa contra os rivais locais – um empate e duas derrotas – motivou críticas ao empenho do time, que estaria mais interessado na disputa nacional.

Ênio Andrade teve de responder a esses questionamentos no dia 1º de julho de 1985, uma segunda-feira, antevéspera do jogo contra o Sport, na Ilha do Retiro. A estreia da segunda fase. Início do mês em que o Coritiba se tornaria campeão brasileiro. E ponto de partida deste diário que relembra a saga alviverde até a conquista no Maracanã.

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Acompanhe a página especial da Gazeta do Povo sobre os 30 anos do título brasileiro do Coritiba

O time do título. Sem Lela

A semana da estreia na segunda fase começou com um coletivo no Couto Pereira. Suspenso pelo terceiro cartão amarelo, Lela estava fora do jogo no Recife. Gil treinou no seu lugar. O jovem Dida, de 19 anos, voltou da União Soviética, onde foi campeão mundial sub-20 e assumiu a lateral esquerda no lugar Zé Carlos. No meio, Marildo entrou no lugar de Marco Aurélio. O time montado por Ênio Andrade foi Rafael; André, Gomes, Heraldo e Dida; Almir, Toby e Marildo; Gil, Índio e Edson.

A renda do Corinthians ameaçada

Fora de campo, o Coritiba entrou julho de 1985 sob ameaça de perder a renda do jogo contra o Corinthians, dia 7. O motivo era uma ação trabalhista do meia Dreyer contra o clube. Três anos antes, o argentino havia entrado com uma ação contra o Coxa por não pagamento. A Justiça deu ganho de causa ao meio-campista, a dívida já estava estimada em 100 milhões de cruzeiros (equivalente a cerca de R$ 170 mil) e o bloqueio da receita da partida com os paulistas era uma possibilidade real para garantir o pagamento. Como os outros oponentes do grupo eram Sport e Joinville, o jogo com o Corinthians era a única esperança de boa arrecadação.

O mundo além do futebol

No Paraná
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Durante evento da Associação dos Municípios do Paraná (Amupar) em São João do Ivaí, o governador José Richa confiava que a reforma tributária a ser implementada pelo governo federal aumentaria a arrecadação do estado. “De cada 100 cruzeiros pagos em impostos pelo contribuinte, 70 vão para a União, 20 para o estado e 10 para os municípios”, discursou.

No Brasil

Lideranças da Câmara e do Senado foram ao presidente da República José Sarney protestar contra o congelamento da tabela do Imposto de Renda. Pelos cálculos do governo, essa medida injetaria pelo menos 7 trilhões de cruzeiros (o equivalente a R$ 1,2 bilhão) na redução do déficit do Tesouro Nacional.

No mundo
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O líder soviético Mikhail Gorbachev ganhava mais poder em seu país ao destituir seu antigo rival, Grigory Romanov, do Comitê Central do Partido Comunista.