2/7/1985 – Seu Ênio dá o recado: “Quem treina pensando na namorada não rende”

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O segundo dia de julho teve agenda cheia para o Coritiba. Pela manhã, o técnico Ênio Andrade comandou, no Couto Pereira, um treinamento coletivo. À tarde, embarque para o Recife, onde o Coxa enfrentaria o Sport, no dia seguinte, abrindo a segunda fase da Taça de Ouro.

Retranca armada e cobrança forte

A atividade mostrou a forma que Ênio gostaria de ver o time. A troca de Marco Aurélio, meia ofensivo, por Marildo, um volante, reforçou a marcação no meio. A aposta era nos contra-ataques com Gil e Edson pelas pontas. Uma estratégia que precisava de atenção – inclusive nos treinos. “Assim não dá, André, vem treinar pensando na namorada não rende mesmo o que deve”, esbravejou o treinador, que chegou a ficar rouco.

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400% de aumento

Após quase dois meses, aproximava-se do fim a extensa renovação de contrato do Coritiba com o zagueiro Vavá. O clube queria pagar 3,5 milhões de cruzeiros por mês entre luvas e salários (o equivalente a R$ 5,8 mil). Vavá queria 4 milhões de cruzeiros apenas de salário e luvas de 15 milhões de cruzeiros (o equivalente a R$ 25 mil). A pedida inicial era de 40 milhões de cruzeiros de luvas – ou R$ 66,7 mil. “São 400% de aumento e ele sabe que não existe neste país um profissional que tenha recebido aumento tão substancial”, afirmou o assessor da presidência alviverde, Estevão Damiani Netto.

O mundo além do futebol

A eleição para a prefeitura de Curitiba ganhava forma. Uma ala do PMDB trabalhava para que o empresário Sérgio Ritzmann fosse candidato a vice de Roberto Requião. O PFL estudava uma coligação com PDT para apoiar Jaime Lerner. E o presidente estadual do PDS, Airton Cordeiro, apostava na vitória de Paulo Pimentel.

Pressionado pelo seu próprio partido, o PMDB, o presidente José Sarney anuncia o reajuste em 80% da tabela do Imposto de Renda retido na fonte. Assim, o governo perdeu uma fonte de receita que ajudaria o cobrir o deficit de 108 trilhões de cruzeiros (o equivalente a R$ 1,8 bilhão) estimado para 1985.

Andrei Gromiko é indicado presidente da União Soviética. O cargo de chanceler é entregue a Eduard Shevarnadze, alçado no dia anterior ao Comando Central do Partido Comunista por Mikhail Gorbachev.