O ano de 1985 começou agitado no futebol paranaense. O presidente do Coritiba, Evangelino Neves, queria levar para o Alto da Glória Rafael, goleiro e ídolo do rival Atlético. Walmor Zimmerman, presidente rubro-negro, fez jogo duro.
Pediu 130 milhões de cruzeiros em dinheiro. Nada de cheques ou promissórias. Em quatro horas, o Chinês levantou a quantia e contratou o camisa 1. Na chegada ao Coxa, Rafael disse: “Venho para ser campeão brasileiro.”
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Na madrugada de 1.º de agosto daquele ano, a profecia se concretizou, em grande parte, graças à Rafael. Preciso debaixo das traves, o goleiro alviverde era um elemento fundamental na união do grupo.
Às sextas-feiras, trocava as luvas pelas panelas. Preparava macarronada com frango para os companheiros, na concentração. “O Evangelino brincava que queria um goleiro, mas contratou um grande cozinheiro”,
relembra. Outra lembrança viva na memória de Rafael é a defesa nos momentos finais da partida contra o Atlético-MG, no Mineirão, pelas semifinais. Até hoje a torcida do Galo diz que o coxa-branca tirou a bola de dentro do gol. Ele discorda. “Continuo dizendo que não entrou. Segurei a bola antes que o Reinaldo chutasse”, garante.
A valentia no lance se opõe a uma das histórias extracampo daquele time. Rafael e o massagista Osvaldo Sarti foram ao Couto Pereira à meia-noite, fazer um “serviço” no gramado com água do mar de Paranaguá e um saco de velas. “A gente acendia uma vela e ela apagava. Como eu sempre fui medroso para essas coisas, fui dormir. O Sarti fez o serviço e deu certo”, conta.
Rafael diz sentir orgulho de, mesmo anos depois do título, ainda ser tratado como herói em Curitiba: “Podemos não ter recebido um grande prêmio em dinheiro, mas ganhamos a perpetuação dentro do clube.”
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