Faltando quatro rodadas para o fim do campeonato brasileiro, o técnico Pachequinho é mais um ex-jogador a encarar a difícil missão de assumir o comando do time pelo qual foi ídolo. Certo desta responsabilidade, ele garante não temer o desafio e para percorrer com sucesso a tênue linha da idolatria do futebol, ele se apega aos conselhos de uma verdadeira entidade alviverde: Dirceu Krüguer.
“Aprendi muito e aprendo até hoje com ele. Trabalhamos juntos há um tempão e ele sempre me ajuda. É muito bom tê-lo por perto”, fala o técnico do Coritiba. “Na dificuldade, você corre pro Krüguer e ele te dá um conselho certeiro”, acrescentou o discípulo.
Envaidecido com a lembrança, Krüguer não poupa elogios para o pupilo. “O Pachequinho é muito inteligente. Ele tem qualidade, comando e muita facilidade transmitir esse conhecimento”, disse um dos mais antigos funcionários do Coxa.
Conhecimento sem didática, no entanto, não são suficientes para fazer de um ex-jogador de sucesso um treinador de sucesso. “O importante do técnico é saber transmitir tudo o que você aprendeu antes de ser o treinador e perceber que os atletas estão entendo o que você está passando”, disse.
E as diferenças são enormes. Como jogador, segundo Krüguer, você pode executar o que acha melhor. Já á beira do gramado, você precisa mandar e nem sempre as coisas saem como você esperava.
A relação de Krüguer com Pachequinho esta diretamente ligada a toda a passagem do ex-atacante pelo Coxa na década de 1990, e também durante o seu desenvolvimento como treinador, especialmente nos últimos anos. “Muito do que ele me disse ajudou na minha carreira e ajuda até hoje. Tento assimilar, levo para o campo e dá certo”, disse Pachequinho.
O Coritiba tem uma difícil missão nos quatro jogos restantes do Brasileirão. Contra Goiás (fora de casa, no próximo dia 18), Santos (no Couto), Palmeiras (fora) e Vasco (em casa) o time precisa somar dez pontos para evitar o rebaixamento. O número pode até diminuir, o que não diminui a tensão da torcida e o impacto que ela terá no trabalho diário de Pachequinho.
“Você já faz parte da história do clube e ao assumir uma nova função tenta fazer de tudo para dar certo. Mas sabemos como é o futebol e nem tudo é vitória. Tem que estar preparado”, avalia Pachequinho. Para o treinador, é nessa hora que os principais ensinamentos de Krüguer ganham mais importância.
“Tranquilidade, calma e paciência. Ele sempre me aconselhou nesse sentido e é isso que tiro dele como exemplo. Tivemos uma conversa assim que assumi e procuro explorar ao máximo tudo que o Krüguer poder me passar, pois dali só vem coisa boa”, contou Pachequinho.
Ao optar pelo Flecha Loira como conselheiro, Pachequinho dá um tiro certeiro. Krüguer é o ex-jogador e ídolo Coxa que mais treinou a equipe em toda sua história centenária. Seja como interino, seja como treinador efetivo, o time esteve por 185 vezes em suas mãos.
Questionado sobre qual seria os eu estilo como treinador, Pachequinho se definiu como uma esponja de conceitos, citando todo o aprendizado que teve quando jogador, além do tempo em que treinou categorias de base do Coritiba.
Defendeu a criatividade do jogador acima de tudo e a liberdade que ele tem de levar esse diferencial para campo. Essa liberdade, via de regra dada pelos treinadores, Pachequinho teve tanto nos juniores, quanto no profissional, por vezes comandado por Krüguer. “Claro que são outros tempos, mas ele me ajudou muito como atleta e me ajuda muito como treinador. É um espelho”.
Krüguer acredita que Pachequinho tenha potencial para ser o treinador do Coritiba independente dos resultados nesta reta final do Brasileirão. Alertou sobre a pressão que ele pode vir a sentir, mas garantiu que as alegrias que ele pode ter como treinador vão compensar. “A torcida sempre me incentivou como técnico. Claro que as vezes recebi críticas, mas muitas vezes saí ovacionado. Tive momentos que senti a mesma alegria como se tivesse jogado”.