O Atlético entra em campo domingo (7), no Couto Pereira, com uma vantagem larga para quebrar um tabu de mais de duas décadas: há 26 anos o Furacão não conquista um título no estádio do Coritiba. A última volta olímpica do Rubro-Negro no Couto foi em 1990, no empate em 2 a 2 que ficou marcado pela falha do zagueiro Berg no gol contra que deu o título à equipe da Baixada. De lá para cá, o Atlético perdeu três finais para o Coxa no Alto da Glória: 2011, 2012 e 2013.
No fim do ano passado, Rosemberg Barbosa, 52 anos, voltou ao Couto Pereira para disputar uma pelada com amigos e ex-companheiros de Coritiba depois de décadas sem pisar no estádio.
“Me chamaram para uma partida festiva. Fiquei meio assim... Minha mãe que não gostou, falou que iam me xingar”, diz, por telefone, o ex-zagueiro Berg, exemplo extremo da força de um Atletiba decisivo, para o bem ou para o mal.
Há 26 anos, em 5 de agosto de 1990, um gol contra do defensor definiu o último título do Atlético no Alto da Glória. Neste domingo (8), às 16 horas, o Furacão pode repetir o feito histórico, além de quebrar uma série de sete anos sem título.
FOTOS: Veja imagens do jogo e da festa do Atlético no Couto Pereira no título estadual de 1990
Assim como Berg, os 22 jogadores (mais os reservas) que entrarem em campo no fim de semana estão sujeitos ao ônus e ao bônus do jogo mais importante do estado.
Em uma final, um gol pode fazer um herói ou vilão eterno. Alavancar uma carreira. Ou destruir, como aconteceu com o autor da cabeçada desastrada que encobriu o goleiro Gérson aos 26 minutos do segundo tempo, empatando o jogo por 2 a 2 – resultado que favorecia os rubro-negros.
Depois do lance, o então zagueiro promissor fez mais dois ou três jogos, nas contas dele, antes de ser afastado junto com outros jogadores. Emprestado, rodou por clubes nanicos como Apucarana, Taquaritinga-SP e Inter de Lages-SC. Isso, quando conseguia a liberação pelo Coxa. Segundo ele, por causa da Lei do Passe, o clube ainda pôde puni-lo diversas vezes pelo vice em 1990.
“O Coritiba pedia valores [pelo empréstimo] que os clubes menores não tinham ”, cita o ex-jogador, que após longos períodos na geladeira, se viu obrigado a encerrar a carreira em 1996.
Depois de trabalhar como taxista e vendedor de carros, hoje Berg toca uma escolinha de futebol em Londrina. Mas ainda se vê marcado pelo gol contra. “Não passa uma semana sem alguém falar nisso. As pessoas perguntam, quem tem mais intimidade brinca, tira sarro sobre isso”, fala.
Para Gérson Dalla Stella, goleiro que tentou impedir o fatídico gol contra, as consequências na carreira não foram tão severas. Ele deixou o Coxa no ano seguinte e passou por Goiás, Vitória, Criciúma e Figueirense antes de pendurar as luvas em 1993.
A perda do título, porém, foi traumática para o campeão nacional em 1985. “A gente sentiu. Saí chorando de tristeza. Tive oportunidade de dar várias voltas olímpicas no Couto, mas essa foi uma derrota triste. E ainda que nem foi derrota, foi empate”, argumenta.
Gérson, 54, hoje comentarista esportivo e preparador de goleiros freelancer, também diz acreditar que o cenário do futebol paranaense nos anos 90 contribuiu para o destino de Berg no futebol. Para ele, a mentalidade era muito mas regional do que agora. O que valia era ganhar o Estadual e o Atletiba.
“Talvez por ter vindo de um clube menor, o Berg não estava preparado. Mas era um zagueiro acima da média. E até fez gol naquele jogo”, lembra o ex-arqueiro.
Berg foi o responsável por virar aquela final aos 45/1º, depois de Pachequinho empatar aos 13 minutos – Dirceu tinha inaugurado o placar logo aos cinco.
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“Ele [Berg] estava muito bem na época, vinha sobrando. Tanto que fez o gol”, recorda o zagueiro Heraldo, que vestia a camisa do Furacão na decisão. “A confiança dele era tão grande que achou que tudo ia dar certo quando atrasou a bola. É um troço que marca negativamente. Mas ele está bem, encontrei-o no jogo no Couto no ano passado. Não ficou amargurado, maluco com o que aconteceu”, segue Heraldo, 57, que treina equipes sub-15 e sub-17 em uma escolinha de futebol franqueada do Coritiba.
Mesmo sem remoer o passado diariamente, Berg ainda imagina como seria sua carreira se o gol nunca tivesse acontecido. Ou mesmo se tivesse ganhado uma verdadeira segunda chance no Coritiba. “Acho que daria para me recuperar. Seria difícil, não poderia errar. Mas se os resultados viessem, a torcida poderia esquecer.”
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